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Discussions on Business Networks Research Methodology Present in a Sample of Brazilian Scientific Production and Proposal for a Guiding Model

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Academic year: 2020

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(1)RBGN – REVISTA BRASILEIRA DE GESTÃO DE NEGÓCIOS. ISSN 1806-4892. © FECAP. ÁREA TEMÁTICA: ENSINO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE. Discussões sobre a Metodologia de Pesquisa sobre Redes de Negócios Presentes numa Amostra de Produção Científica Brasileira e Proposta de um Modelo Orientador Discussions on Business Networks Research Methodology Present in a Sample of Brazilian Scientific Production and Proposal for a Guiding Model Discusiones sobre la Metodología de Pesquisa sobre Redes de Negocios Presente en una Muestra de Producción Científica Brasileña y Propuesta de un Modelo Orientador. Ernesto Michelangelo Giglio José Luis Guagliardi Hernandes. 1 2. Recebido em 08 de novembro de 2010 / Aprovado em 02 de janeiro de 2012 Editor Responsável: João Maurício Gama Boaventura, Dr. Processo de Avaliação: Double Blind Review. RESUMO. mativas, que servem de base para as discussões.. O objetivo do artigo é discutir as metodologias. Entre elas destacam-se os fluxos como objeto de. de pesquisas sobre redes de negócios que são uti-. estudo e a dinâmica constante das redes, o que. lizadas por autores brasileiros, a partir de uma. dificulta estabelecerem-se relações causais estritas.. amostra da produção científica do Congresso. As convergências revelaram dois paradigmas;. EnAnpad. A proposição orientadora, criada a par-. o paradigma racional econômico, com teorias. tir de reflexões prévias, é que os pesquisadores. sobre os custos de transação e estratégias de. brasileiros utilizam predominantemente metodo-. redes, e o paradigma social, com teorias sobre a. logias clássicas de disjunção e redução do fenô-. sociedade em rede e as relações sociais deter-. meno, buscando relações causais estritas, com. minando os processos e controles das relações téc-. objetos de estudo que são os atores e que tal abor-. nicas da rede. Aceitando e tendo como base as. dagem é um dos motivos de existirem poucos. premissas desses paradigmas, analisaram-se os. avanços teóricos nesse campo. Para atingir o. artigos publicados no Congresso EnAnpad nos. objetivo, foi necessário buscar na literatura inter-. últimos dez anos e concluiu-se que a afirmativa. nacional sobre redes as convergências de afir-. se sustenta. Há dominância do paradigma racio-. 1. Doutor em Administração pela Universidade de São Paulo, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade – FEA/USP. Professor da Universidade Paulista – UNIP. [ernesto.giglio@gmail.com] 2. Mestrando em Administração e Professor da Universidade Paulista – UNIP. [jlghernandes@yahoo.com.br] Endereço dos autores: Rua Dr. Bacelar, 1212 – Indianópolis, São Paulo – SP Cep. 04026-002 Brasil 78. R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 14, n. 42, p. 78-101, jan./mar. 2012.

(2) Discussões sobre a Metodologia de Pesquisa sobre Redes de Negócios Presentes numa Amostra de Produção Científica Brasileira e Proposta de um Modelo Orientador nal econômico, com o uso de métodos clássicos. transaction costs and network strategies and on. de coleta e análise, com questionários e entrevis-. the other hand, the social paradigm that includes. tas sobre atitudes e percepções, buscando relações. theories on the network society and social relations. causais estritas e não se encontram benefícios, ou. defining the processes and controls of the technical. avanços teóricos. Entendemos que é possível tri-. relations of the network. We accepted and took. lhar outro caminho metodológico, que conside-. the premises of those paradigms as a base to analyze. ramos mais competente para captar o fenômeno. the articles published by the EnAnpad Congress. de redes, a partir da teoria da sociedade em rede;. in last the ten years and concluded that our. dos princípios epistemológicos da teoria da com-. hypothesis is valid. The economic rational paradigm. plexidade, principalmente o princípio da não-. shows to be predominant, with its classical. disjunção, e com o uso dos métodos e técnicas. collection and analysis methods, as well as its. decorrentes da abordagem da teoria dos sistemas,. questionnaires and interviews on attitudes and. principalmente a afirmativa da retroalimentação.. perceptions used to research strict causal relations. Com esses princípios, construiu-se uma proposta. and not yielding any theoretical benefits or progress.. de desenho de pesquisa que integra o subsistema. We understand that a different methodological. das relações sociais com o subsistema das relações. approach may be applied, which we consider more. de produção, que é um principio fundamental da. appropriate to cover network features and which. abordagem social de redes, colocando-se o fluxo. is based on the network society theory, taking into. entre os atores como a unidade de investigação.. account the epistemological principles of the. Nesse sistema valoriza-se a historicidade, o fluxo,. theory of complexity, mainly the nondisjunction. a mobilidade e a incerteza, que são as caracterís-. principle and the use of the methods and techniques. ticas mais evidentes do fenômeno de redes.. that result from the theory of the systems, especially. Palavras-chave: Redes. Metodologia. Pesquisa.. the feedback theory. Based on those principles, we made up a research design project that integrates the subsystem of social relations with the subsystem. ABSTRACT. of production relations, which is a fundamental principle of the social network approach, defining. The aim of this article is to discuss the business. the flow between the actors as the study unit.. network research methodologies used by Brazilian. In this system, historicity, flow, mobility and. authors based on a sample of the scientific. uncertainty are highlighted, which are the most. production of the EnAnpad Congress. Our main. outstanding features of the network phenomenon.. hypothesis, which results from previous reflections, states that Brazilian researchers predominantly. Key words: Networks. Methodology. Research.. use classic methodologies of disjunction and reduction of the phenomenon, in search of strict causal relations that include study objects as actors.. RESUMEN. That approach explains the poor theoretical progress. El artículo tiene el objetivo de discutir las. in that field. To reach our goal, we researched the. metodologías de investigación en redes de. international literature on networks focusing on. negocios que los autores brasileños utilizan, a. the convergences of affirmatives, which are the. partir de una muestra de la producción científica. base for the discussions. Among those, the flows. del Congreso EnAnpad.. as study object and the constant dynamics of. orientadora, creada a partir de reflexiones previas,. networks stand out, which makes it difficult to. es que los investigadores brasileños utilizan. establish strict causal relations. The convergences. predominantemente metodologías clásicas de. revealed two paradigms: on one hand, the rational. disyunción y reducción del fenómeno, buscando. economic paradigm that includes theories on. relaciones causales estrictas, con objetos de estudio. R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 14, n. 42, p. 78-101, jan./mar. 2012. La proposición. 79.

(3) Ernesto Michelangelo Giglio / José Luis Guagliardi Hernandes que son los actores, y que este enfoque es uno de. 1. INTRODUÇÃO. los motivos de que haya pocos avances teóricos en ese campo. Para alcanzar el objetivo fue. O objetivo do artigo é discutir a metodo-. necesario buscar en la literatura internacional. logia de pesquisa sobre redes de negócios que são. sobre redes las convergencias de afirmaciones, que. utilizados por autores brasileiros, a partir de uma. sirven de base para las discusiones. Entre ellas se. amostra da produção científica do Congresso. destacan los flujos como objeto de estudio y la. EnAnpad e apresentar um desenho de pesquisa. dinámica constante en las redes, lo que dificulta. que possa auxiliar no desenvolvimento dos. que se establezcan relaciones causales estrictas. Las. conhecimentos sobre o tema. Reflexões prévias. convergencias revelaron dos paradigmas; el. dos autores, a partir de vários trabalhos e pesqui-. paradigma racional económico, con teorías sobre. sas, levaram à construção da proposição orienta-. los costos de transacción y estrategias de redes, y. dora, afirmando que os pesquisadores brasileiros. el paradigma social, con teorías sobre la sociedad. utilizam predominantemente metodologias clás-. en red y las relaciones sociales determinando los procesos y controles de las relaciones técnicas de la red. Aceptando y teniendo como base las premisas de estos paradigmas se analizaron los artículos publicados en el Congreso EnAnpad en los últimos diez años y se concluyó que la afirmación se sustenta. Hay dominancia del paradigma racional económico, con el uso de métodos clásicos de recolección y análisis, con cuestionarios y entrevistas sobre actitudes y percepciones, buscando relaciones causales estrictas y no se encuentran beneficios, o avances teóricos. Entendemos que es posible seguir otro camino metodológico, que consideramos más competente para captar el fenómeno de redes, a partir de la teoría de la sociedad en red; de los principios epistemológicos de la teoría de la complejidad, principalmente el principio de la no-disyunción, y con el uso de los métodos y técnicas derivadas del enfoque de la teoría de los sistemas, principalmente la afirmativa de la retroalimentación. Con estos principios se construyó una propuesta de diseño de investigación. 80. sicas de disjunção e redução do fenômeno, buscando relações causais estritas, com objetos de estudo que são os atores e que esta abordagem é um dos motivos de existirem poucos avanços teóricos nesse campo. O trabalho se justifica pela importância que o tema de redes vem adquirindo nas últimas três décadas, com um fluxo crescente de artigos científicos nacionais e internacionais, os quais utilizam um leque de teorias e métodos de pesquisas, conforme mostraram Andrigui, Hoffman e Andrade (2011). No entanto, na literatura brasileira são raros os trabalhos de análise crítica das metodologias de pesquisa desse campo. Entre os artigos relevantes pode-se citar Balestrin, Vershoore e Reys (2010), que realizaram trabalho com foco na presença de teorias, encontrando quatro teorias dominantes e comentando sobre a presença marcante de metodologias qualitativas. Também se observou, nas leituras de artigos sobre redes dos últimos anos, uma quase ausência da discussão dos limites das metodologias utilizadas nas pesquisas, o que seria esperado para um campo que ainda está construindo suas teo-. que integra el subsistema de las relaciones sociales. rias. Esta raridade chama a atenção, pois a impor-. con el subsistema de las relaciones de producción,. tância de refletir sobre os métodos nas pesquisas. que es un principio fundamental del enfoque social. já havia sido colocada por Tichy, Tushman e. de redes, colocándose el flujo entre los actores. Fombrun (1979) há algumas décadas, afirmando. como la unidad de investigación. En ese sistema. que as teorias de redes partem de princípios sistê-. se valoriza la historicidad, el flujo, y la movilidad. micos e os métodos de pesquisas utilizam raciocí-. y la incertidumbre, que son las características más. nios de disjunção e redução, na busca de relações. evidentes del fenómeno de redes.. causais estritas. Desta forma, conforme Serva, Dias. Palabras clave: Redes. Metodología. Investigación.. e Alperstedt (2009), cria-se uma lacuna entre os princípios teóricos e os métodos de pesquisa. Burt. R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 14, n. 42, p. 78-101, jan./mar. 2012.

(4) Discussões sobre a Metodologia de Pesquisa sobre Redes de Negócios Presentes numa Amostra de Produção Científica Brasileira e Proposta de um Modelo Orientador e Minor (1983), por exemplo, afirmam que a. sentação de algumas diretrizes de metodologia. unidade de estudo das redes deve ser o fluxo, isto. que seriam mais capazes de abarcar o fenômeno. é, o conteúdo das trocas entre os atores, mas veri-. de redes.. ficaram que vários trabalhos valorizavam as características dos sujeitos. Como se conclui, existe um campo de discussão sobre as metodologias utilizadas em pesquisas de redes que se encontra incipiente, o que ensejou o referido trabalho.. 2. A METODOLOGIA DE PESQUISA E SUAS INTERFACES COM A TEORIA E O FENÔMENO. Defendemos que a possível dominância de princípios racionais nos métodos pode não ser. Metodologia de pesquisa significa o con-. adequada para a compreensão do fenômeno das. junto das escolhas que o pesquisador faz para. redes, que se caracteriza por ser complexo e instá-. poder realizar sua pesquisa. São as decisões sobre. vel, conforme detalhado adiante. Como alterna-. as estratégias, os métodos e técnicas de coleta, a. tiva, afirmamos que as redes podem ser mais bem. organização, a análise e interpretação dos dados. compreendidas e pesquisadas a partir dos princí-. no trato com a realidade empírica. Essas decisões. pios da abordagem denominada imersão social e. são, em parte, independentes das escolhas teóri-. econômica na rede e dos pressupostos metodo-. cas e do problema de pesquisa. Um questionário,. lógicos da teoria dos sistemas, colocando a rede. por exemplo, tem uma estrutura básica a ser. como composta de um subsistema de relações. seguida. O conteúdo do questionário, porém, suas. sociais inextricavelmente ligado ao subsistema das. pretensões do que medir, ou qualificar; e as for-. trocas de negócios. A abordagem de imersão social. mas de análises dos dados dependem das pre-. e econômica como caminho de interligação entre. missas teóricas, da formulação do problema e. abordagens aparentemente conflitantes já havia. das características do fenômeno a ser investigado.. sido destacada por Balestrin, Vershoore e Reys. Nosso trabalho se insere nessa situação de relação. (2010), Grandori e Soda (1995), Granovetter. entre a metodologia de pesquisa, as premissas. (1985) e Jones, Hesterly, Borgatti (1997).. teóricas e as características do fenômeno.. O trabalho inicia com a explicitação do. Não é tarefa fácil e, na verdade, nem é nosso. que se entende por metodologia de pesquisa e suas. objetivo, recuperar a literatura sobre Metodologia. interfaces com as características do fenômeno a. de Pesquisa. Existem muitas divisões, diferentes. ser investigado e com a teoria de apoio escolhida. manifestações para o mesmo conteúdo, de manei-. pelo pesquisador. Em seguida explicitamos as con-. ra que buscamos nos autores clássicos as expres-. vergências das características do fenômeno de. sões e seus conteúdos mais correntes (CERVO;. redes; a diversidade de teorias que tratam do tema. BERVIAN, 1989; GIL, 1991; MARCONI;. e a aglutinação dessas abordagens em três para-. LAKATOS, 1999; SELLTIZ; WRIGHTSMAN;. digmas, o social, o racional-econômico e o social-. COOK, 1987). O resumo dessas leituras é que a. econômico. A tarefa é necessária para estabelecer-. metodologia de pesquisa é constituída da estraté-. mos os constructos, ou variáveis relevantes que. gia, dos instrumentos de coleta e dos instrumen-. guiam a escolha da metodologia de pesquisa, que. tos de análise. A estratégia de pesquisa abarca os. é o nosso objeto de estudo. As convergências das. níveis de pesquisa, por exemplo, se é descritiva,. características do fenômeno, tais como a comple-. explicativa, ou experimental; o tipo de pesquisa,. xidade, irredutibilidade e imprevisibilidade são. por exemplo, se é um estudo de caso, ou pesquisa. importantes na análise da capacidade da metodo-. documental; o escopo, por exemplo, o local e o. logia em investigar as redes. Em seguida apresen-. perfil do sujeito; a caracterização das variáveis, por. tam-se os dados da pesquisa sobre as metodologias. exemplo, determinando se o trabalho será qualita-. utilizadas numa amostra da produção acadêmica.. tivo, quantitativo, ou os dois mesclados e a defi-. Os dados são utilizados para a discussão e apre-. nição dos temas que orientam a construção dos. R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 14, n. 42, p. 78-101, jan./mar. 2012. 81.

(5) Ernesto Michelangelo Giglio / José Luis Guagliardi Hernandes instrumentos, por exemplo, se predominam questões de opiniões, ou de reconstrução histórica. Conforme será detalhado no item do plano de pesquisa, as divisões apresentadas são ape-. 3. AS CONVERGÊNCIAS SOBRE AS CARACTERÍSTICAS DO FENÔMENO DE REDES E A DIVERSIDADE DAS TEORIAS. nas ilustrativas, pois na nossa análise utilizaremos as categorias definidas pelos próprios autores.. Para investigar as metodologias de pesquisa. O que importa é o conceito sobre as decisões que. utilizadas em artigos sobre redes é necessário criar. devem ser tomadas antes de se iniciar a coleta. um quadro de referência sobre as variáveis que. de dados.. influenciam as escolhas metodológicas, incluindo. Os instrumentos e as técnicas de coleta cons-. os conceitos da teoria de base escolhida. Para o. tituem o conjunto de ferramentas que permitem. estabelecimento dos conceitos de redes, consi-. acessar os sujeitos e recolher os dados necessários. derando o leque de teorias, entendemos que o. para a resposta do problema. Um exemplo tradi-. caminho válido seria construir esse quadro a par-. cional de instrumento é o questionário e de uma. tir das convergências de literatura básica, ou seja,. forma de coleta é a entrevista individual.. de artigos mais frequentemente referenciados. Os. instrumentos e as técnicas de análise dos. O fenômeno da rede, com sua caracterís-. permitem organizar, analisar e discutir os dados,. tica de conexão e interdependência de várias. conforme sua presença e dimensão dentro das cate-. empresas que cooperam e se organizam num. gorias eleitas na parte de estratégia de pesquisa.. conjunto, tem originado cada vez mais estudos,. Esses três elementos – a estratégia de pes-. alguns com alta frequencia de citações, como o de. quisa, as técnicas de coleta e as técnicas de análise. Oliver e Ebers (1998). Conforme Nohria e Ecles. constituem nossa matriz da metodologia de pes-. (1992) o fenômeno de rede tem sido explicado a. quisa para analisarmos os artigos sobre redes de. partir das várias teorias organizacionais. Existem. negócios.. explicações a partir de teorias racionais econômi-. Outro comentário importante é sobre a. cas, com temas tais como vantagens de custos. interface entre metodologia de pesquisa e a teoria. obtidos por se estar na rede; a partir de teorias. de base escolhida pelo pesquisador. Um plano de. sociais, com temas tais como confiança, compro-. pesquisa, por exemplo, que pretenda investigar o. metimento e governança nas relações; a partir. ganho de vantagem competitiva de uma empresa. de teorias institucionalistas, com temas tais como. que participa de uma rede, utilizando variáveis. legitimação das parcerias e processos de aprendi-. econômicas e comparando esta empresa com. zagem na rede; a partir de teorias dos jogos, com. outras, poderá se apoiar numa teoria da racionali-. temas tais como reciprocidade nas relações. Por. dade competitiva, que isola e compara os atores,. trás da diversidade teórica, no entanto, alguns. pois essa abordagem tem premissas capazes de res-. autores buscaram os pontos de convergência. Para. ponder ao problema da pesquisa. Assim, ao se anali-. Tichy, Tushman e Fombrun (1979) os estudos se. sar um artigo, é possível comentar sobre a lógica,. concentram em princípios econômicos e sociais.. ou não, da relação estabelecida pelo autor entre a. Para Latour (2005) os artigos sobre redes podem. teoria de base que ele escolheu e a metodologia. ser classificados nas temáticas de comunicação,. de pesquisa utilizada. Aceitando-se essa interface,. dos fluxos de poder e governança e das formas de. na análise dos artigos foi criada a categoria. organização. Revisões internacionais (BRASS et al.,. teoria. de base escolhida.. 82. (BARDIN, 1977; GOULDING, 2005).. constituem o conjunto de ferramentas que. dados. 2004; PARKHE, WASSERMAN, RALSTON,. Explicitado o que se entende por Metodo-. 2006; ZAHEER, GOZUBUYUK, MILANOV,. logia de Pesquisa no referido trabalho, é necessá-. 2010) buscaram os pontos convergentes nos con-. rio discutir sobre o fenômeno de redes e as teorias. ceitos de redes e, a partir deles, propuseram mode-. que buscam explicá-lo.. los de pesquisa. Zaheer, Gozubuyuk e Milanov. R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 14, n. 42, p. 78-101, jan./mar. 2012.

(6) Discussões sobre a Metodologia de Pesquisa sobre Redes de Negócios Presentes numa Amostra de Produção Científica Brasileira e Proposta de um Modelo Orientador (2010) afirmam que o uso de teorias tradicionais. linha racional econômica está nos conceitos de. da Administração pode levar a níveis de análise. competição, que afirmam a necessidade de se ana-. pouco produtivos nas pesquisas sobre redes, que. lisar e comparar empresas isoladas entre si. As. são, conforme convergência dos autores, fenôme-. relações entre as partes, neste caso, são colocadas. nos com múltiplos níveis.. como ações possíveis e não como característica. A mesma convergência de princípios racio-. básica, o que cria questionamentos sobre a capa-. nais e sociais foi encontrada por autores brasileiros. cidade do paradigma racional e econômico cap-. que revisaram os conceitos de redes (ANDRIGUI;. tar o fenômeno de redes, já que existem eviden-. HOFFMAN; ANDRADE, 2011; BALESTRIN;. cias de que alguns recursos e vantagens competi-. VERSHOORE;. tivas nascem do coletivo, tal como se encontra. REYS,. 2010;. GIGLIO;. KAWSNICKA; SANTOS, 2006).. em artigos que utilizam a expressão. capital social. O paradigma social de redes, encontrado. (DASGUPTA; SERAGELDIN, 1999). Temas. em autores mais frequentemente referenciados. como custos, resultados de mercado, conhecimento. como Castells (1999) e Capra (1996) afirma que. adquirido e governança são frequentes nas pesqui-. a sociedade atual está organizada em redes, tendo. sas que seguem o paradigma racional econômico.. como recursos principais as novas tecnologias de. Uma terceira via cria posições relacionais. comunicação, numa nova forma de construção. que unem os dois paradigmas, tais como se en-. de significados e de cultura. Nessa perspectiva,. contram em Granovetter (1985), Grandori e Soda. todos estão conectados com outros atores, numa. (1995), Jones, Hersterly e Borgatti (1997). Nessa. rede infinita e cabe ao pesquisador limitar o hori-. abordagem as empresas da rede estão imersas em. zonte do seu escopo de trabalho. Pode-se, por. relações sociais e econômicas, inextricavelmente. exemplo, num local turístico, considerar somen-. imbricadas e igualmente valorizadas. Quanto mais. te as 10 pequenas empresas da região, que traba-. uma empresa está imersa na rede, mais protegida. lham em conjunto e com proximidade física, ou. ela fica das incertezas do meio ambiente, porém. pode-se considerar as empresas fornecedoras, ele-. sua liberdade é comprometida. Existe, aqui, uma. vando o número para 100, ou a cadeia mais ampla. tensão dinâmica constante nos movimentos dos. incluindo os bancos, clientes, empresas de apoio,. atores em aumentar, ou diminuir sua imersão na. universidades, setores do governo, que seriam. rede. Um problema metodológico da referida. 1000, e assim por diante. O desdobramento infi-. abordagem é que uma pesquisa pode captar um. nito da rede advindo da ideia de espiral cria um. momento de organização da rede num tempo. problema em pesquisas, pois é necessário deli-. determinado, que pode não ser o mesmo num. mitar o campo e atores importantes podem ser. momento. excluídos. Temas como poder, controle, confian-. prometimento, conteúdo dos fluxos, fatores de. ça e centralidade são frequentes nas pesquisas que. desenvolvimento das redes, decisões dos atores são. seguem esse caminho.. freqüentes nas pesquisas que seguem este caminho.. y. x. subsequente. Temas tais como com-. No paradigma racional econômico a ideia. Apesar do leque de teorias racionais, sociais. central é que as redes são respostas competitivas. e sociais-técnicas, que evidencia um campo pré-. das empresas, buscando melhores posições no. paradigmático (KUHN, 1996), os artigos mostram. mercado. Há uma decisão racional do empresá-. convergência quanto às características do fenô-. rio em entrar, ou não, numa rede de empresas,. meno das redes, aceitando-se que são formações. conforme sua análise dos custos e recursos envol-. complexas, com elementos indissociáveis, relações. vidos e das possíveis vantagens a serem obtidas.. instáveis e imprevisíveis, sendo difícil estabele-. Os artigos dessa linha, como os de Ebers e Jarillo. cerem-se padrões de estruturas e processos fixos. (1998) não negam o paradigma social das redes,. e previsíveis. Essas características do fenômeno. mas estão mais voltados aos indicadores de com-. indicam que metodologias racionais, que buscam. petitividade no mercado para construírem suas. relações causais estritas, talvez não sejam adequa-. conclusões. Um dos problemas de pesquisa nessa. das para investigar o fenômeno. As características. R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 14, n. 42, p. 78-101, jan./mar. 2012. 83.

(7) Ernesto Michelangelo Giglio / José Luis Guagliardi Hernandes apontam para a adequação do uso de metodologias. fluxos conjuntos, como a influencia da confiança. que abarquem a complexidade e a imprevisibi-. nos controles comerciais.. lidade, tais como as abordagens da complexidade. O trabalho de estabelecer convergências. encontradas em Morin (1991) e as abordagens do. sobre um determinado fenômeno é importante,. sistemismo encontradas em Bertalanffy (1968) e. porque indica que vários observadores chegaram ao. em Luhmann (1995). Estas abordagens aceitam rela-. mesmo ponto, embora partindo de premissas dis-. ções causais bi direcionais; irredutibilidade do todo. tintas e que, por indução, as convergências mostra-. e dinâmica de instabilidade entre forças de coe-. riam o que é essencial no fenômeno. Assim, a dis-. são e forças de expansão. Esse tema será ampliado. cussão anterior mostrou que as convergências sobre. nas discussões e apresentação de uma proposta.. redes de negócios indicam que elas são formatos. A bibliografia também converge sobre o. organizacionais complexos; com imprevisibilidade;. objeto de estudo. Pesquisar redes é investigar as. que criam interdependência entre os participan-. ligações entre os atores. Essa ligação, que recebe. tes; com a ligação constituindo sua unidade defi-. alguns nomes (nó nas teorias sociais de redes,. laço. nidora e de estudo, independentemente de qual. na abordagem econômica da teoria dos grafos,. teoria se utiliza; que a ligação contém os fluxos (o. nas abordagens sociais de mercado) está cons-. conteúdo das trocas) e as atividades (as decisões dos. tituída dos fluxos e das atividades. Os fluxos refe-. atores sobre os fluxos recebidos e encaminhados).. rem-se ao que é transacionado entre os atores, tais. Ficou evidente, também, o predomínio de dois. como objetos, dinheiro, informações técnicas,. paradigmas, o racional e o social, como guias para. sinais de afeto e de poder. As atividades referem-. a construção dos raciocínios de pesquisa e escolha. se às decisões sobre a transformação que cada ator. da metodologia. Quanto às teorias, não há conver-. executa sobre o fluxo que recebeu e encaminhou.. gência sobre suas competências e validade, inclu-. Existem discussões sobre o conteúdo e. sive se questiona se é possível existir uma teoria. importância das ligações. Uma corrente, por. especifica sobre redes de negócios (MARTELETO,. exemplo, afirma que a estrutura determina o con-. 2001), ou seja, se o fenômeno é suficientemente. teúdo e dinâmica dos fluxos, enquanto outra cor-. distinto para ensejar construções teóricas.. díade. 84. rente advoga o contrário, ou seja, os fluxos deter-. Chegamos, então, aos pontos básicos para. minam a estrutura da rede. Uma corrente aceita. a investigação dos artigos brasileiros. Definimos. que a uniformidade, simetria e confiança são as. as três categorias da Metodologia de Pesquisa, veri-. características definidoras de uma rede eficiente e. ficamos que há um conjunto de características. outra corrente afirma o contrário, isto é, que a. consideradas essenciais no fenômeno de rede e que. característica de uma rede é o fluxo dos diferentes. a literatura indica a dominância de dois paradig-. interesses, criando assimetrias, as quais são as res-. mas, o racional e o social, e uma terceira via que. ponsáveis pela aprendizagem e inovação. Apesar. busca a construção de uma integração, os quais se. das discussões, a relação (ou. manifestam em um amplo leque de teorias.. nó,. ou translação, ou. laço, ou díade; que são os diversos nomes das. A partir dessa base, investiga-se a produ-. ligações entre os participantes, conforme nuances. ção acadêmica nacional tendo como proposição. em orientações teóricas, que não cabe discutir neste. orientadora a afirmativa de que a tendência dos. momento) é aceita como a unidade de estudo nas. pesquisadores brasileiros é utilizar metodologias. pesquisas. Pesquisadores que seguem a abordagem. de pesquisa originadas do paradigma racional-eco-. racional estariam mais interessados nos fluxos. nômico. Afirma-se que essa dominância, como. comerciais, como a troca de conhecimentos de. consequência, restringe a compreensão das redes,. processos. Pesquisadores que seguem a abordagem. pois são pouco adequadas para abarcar as caracte-. social estariam mais interessados nos fluxos sociais,. rísticas essenciais do fenômeno. Conforme já. como os conflitos de interesses entre os atores. Pes-. explicitado, as proposições nasceram de experi-. quisadores que seguem a abordagem da imersão. ências prévias dos autores, tanto de leituras, quan-. social e econômica estariam mais interessados nos. to de práticas de pesquisas.. R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 14, n. 42, p. 78-101, jan./mar. 2012.

(8) Discussões sobre a Metodologia de Pesquisa sobre Redes de Negócios Presentes numa Amostra de Produção Científica Brasileira e Proposta de um Modelo Orientador Estabelecidos os parâmetros que guiam a. festações dessa estrutura dominante. No paradigma. análise da pesquisa é possível explicitar o planeja-. racional econômico a ideia central é que as redes. mento e execução da mesma.. são respostas competitivas das empresas, buscando melhores posições no mercado. A rede é uma. 4. construção racional e pode ser controlada. Uma. PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DA PESQUISA. terceira via, que une o social e o racional afirma que as empresas da rede estão imersas em relações sociais e econômicas, inextricavelmente imbricadas e inter-influentes. A rede se caracteriza por. O problema da nossa pesquisa é levantar, organizar e discutir as metodologias. uma tensão dinâmica, com forças de coesão e forças. presentes. de expansão.. numa amostra da produção científica brasileira em artigos sobre redes de negócios, visando a sus-. A terceira ordem é a caracterização do que. tentar, ou não, uma proposição orientadora. Con-. se entende por metodologia. Aceitamos a afirma-. forme explicitado nos itens anteriores; as catego-. tiva de que a metodologia de pesquisa é o con-. rias que guiam a organização e a discussão dos. junto de estratégias, técnicas de coleta, organiza-. dados são de três ordens. A primeira refere-se às. ção, análise e interpretação dos dados no trato com. características essenciais das redes: São formatos. a realidade empírica. Como existem muitas classi-. organizacionais complexos; com imprevisibili-. ficações e nomes distintos para expressar as estra-. dade; que criam interdependência entre os parti-. tégias e as técnicas, os autores se colocaram na. cipantes; com a ligação constituindo sua unidade. tarefa de ler o conteúdo dos textos, não se restrin-. definidora e de estudo, independente de qual. gindo à presença, ou ausência da expressão. O Quadro 1 resume as categorias e variá-. teoria se utiliza; que a ligação contém os fluxos e. veis importantes para a discussão dos artigos.. as decisões. A segunda ordem refere-se aos princípios. Conforme já explicitamos, nos três para-. dos paradigmas dominantes da literatura. O para-. digmas existem muitas teorias utilizadas para expli-. digma social afirma que a sociedade está organi-. car as redes, com influencia sobre a metodologia. zada em redes e que as redes de negócios são mani-. escolhida. Dessa forma, torna-se interessante conhe-. &DUDFWHUtVWLFDVGR IHQ{PHQR. Complexidade. Imprevisibilidade. Irredutibilidade de fatores isolados. 3DUDGLJPDV Racional econômico Redes são construções planejadas. Rede pode ter mecanismos de controle Os resultados movem a rede.. Social. 0HWRGRORJLDGH 3HVTXLVD Imersão social e econômica. Sociedade estruturada em redes.. Empresas estão imersas na rede.. Estratégia. Redes de negócios são manifestações da estrutura social.. Relações sociais e econômicas coexistem imbricadas.. Técnicas de coleta. Redes se autodesenvolvem, com pouco controle.. Controles podem ser formais (racionais) e informais (sociais). Técnicas de análise. Interdependência entre os atores; A ligação é a unidade de estudo. A tensão dinâmica é o que move a rede.. Quadro 1 – As categorias e variáveis sobre redes de negócios que servem de guia para a análise da produção nacional.. Fonte:. dos autores.. R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 14, n. 42, p. 78-101, jan./mar. 2012. 85.

(9) Ernesto Michelangelo Giglio / José Luis Guagliardi Hernandes cer qual foi a teoria de base utilizada pelos pesqui-. informática e alianças de negociações entre patrões. sadores. Também seria interessante conhecer os. e empregados. Nesta segunda ação restaram 210. comentários críticos de cada autor sobre a meto-. artigos. Estes dois filtros já mostraram que algu-. dologia utilizada.. mas palavras recorrentes em pesquisas sobre. Considerando esse amplo leque de variáveis. redes de negócios aparecem também em outros. e teorias e nosso interesse nos argumentos sobre a. contextos, o que significa que elas não são dis-. metodologia, decidiu-se investigar os trabalhos do. criminantes, ou seja, não têm um significado. Encontro da Associação Nacional de Pós Gradua-. claro e preciso. Finalmente, realizou-se a análise. ção e Pesquisa em Administração – EnAnpad, uma. propriamente dita, conforme matriz de análise. vez que esse evento reúne o pensamento de van-. detalhada a seguir, o que determinou a aceitação. guarda dos pesquisadores brasileiros nos progra-. final de 156 artigos, excluindo-se os trabalhos que. mas de Pós-graduação em Administração e que a. eram ensaios teóricos (portanto não continham. liturgia de aprovação do artigo para o. Encontro. metodologia de pesquisa de campo), os refe-. exige a explicitação da base teórica, da metodolo-. rentes a redes sociais de ajuda e os de formação. gia e dos limites do trabalho. Além disso, o. de grupos na Internet, que não caracterizavam as. tro. Encon-. é um evento que mostra pensamentos ainda. redes de negócios.. em evolução, modelos sendo testados e outras formas de laboratório acadêmico. Como a área de redes ainda é um campo aberto, torna-se interessante verificar quais ideias estão sendo lançadas e experimentadas.. 4.1. A matriz de análise Considerando as conclusões dos itens ante-. O tempo de 10 anos é considerado adequado para estudos de tendências conforme ates-. riores, resumidas no Quadro 1, foram eleitas as seguintes categorias de análise dos artigos:. tam estudos anteriores com o mesmo objetivo. 86. de análise do acervo de um tema especifico. a) teoria de base utilizada: procurou-se. (DEMUNER; LORDES, 2006; LUNARDI;. identificar no artigo qual a opção de. RIOS; MAÇADA, 2005; PEGINO, 2005). Num. teoria de base escolhida pelo autor, des-. primeiro filtro foram lidos todos os títulos dos. de que claramente explicitada. Esse. artigos no período considerado, avaliando-se a. dado permite realizar uma análise da. proximidade da temática com o propósito da pes-. relação entre a teoria escolhida e a meto-. quisa e valorizando a presença de algumas pala-. dologia. A escolha da teoria de base,. vras chave, tais como rede, cadeia, alianças,. conforme já exposto, pode sinalizar as. arranjos produtivos locais (apls),. consór-. metodologias que lhe são mais conflu-. cios, cooperação, cooperativas, networks; uma vez. entes. Quando o autor não informava. que estas palavras são recorrentes nos artigos. claramente a opção, apresentando, por. sobre redes. Esta leitura dos títulos um a um per-. exemplo, resumos de mais de uma teo-. mite incluir textos que não apresentam as pala-. ria, utilizamos a classificação indefinido,. vras-chave, mas referem-se ao assunto e excluir. para evitar deduções de nossa parte. Esta. textos que contém alguma das palavras chave,. mesma situação ocorreu nas outras cate-. mas se referem a outros sentidos, tais como estra-. gorias, ou seja, nas estratégias de pesqui-. tégias de uma rede supermercadista, ou o uso. sa, nas técnicas de coleta e nas técnicas. de redes neurais para medir satisfação do consu-. de análises. Quando não havia nenhu-. midor. Como resultado deste primeiro filtro. ma menção, a classificação era. foram selecionados 327 artigos. Em seguida, rea-. tente.. lizou-se a leitura dos resumos para eliminar os. escrever a expressão utilizada pelo autor,. artigos que explicitam outro tema não evidente. por isso, na apresentação dos dados. no título e nas palavras chave, tais como redes de. podem aparecer categorias que seriam. clusters,. inexis-. A classificação seguiu o critério de. R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 14, n. 42, p. 78-101, jan./mar. 2012.

(10) Discussões sobre a Metodologia de Pesquisa sobre Redes de Negócios Presentes numa Amostra de Produção Científica Brasileira e Proposta de um Modelo Orientador próximas, ou semelhantes, mas manti-. Vamos dar um exemplo para ilustrar.. vemos a expressão do autor. Sobre a Meto-. O artigo de Drouvot e Fensterseifer (2002). dologia de Pesquisa, dividimos em três. apresenta no título a palavra Redes, passando no. grandes categorias, seguindo a divisão. primeiro filtro. O resumo trata das condições de. colocada no Quadro 1: A estratégia de. mercado que obrigam as pequenas empresas a atua-. pesquisa, as formas de coleta e as for-. rem em conjunto e compara conceitos de redes. mas de análise. A estratégia de pesquisa,. de cooperação com as conclusões de pesquisa com. conforme já explicitado, constitui o con-. 16 empresas. Passou pelo segundo filtro.. junto de características e categorias nas. Buscamos o item específico de metodolo-. quais o trabalho se coloca. Como existe. gia e não encontramos. Na introdução os autores. labilidade no uso das expressões, torna-. detalham as condições de mercado e de tecnologia. se necessário ler o conteúdo do texto,. que propiciam e obrigam a formação de redes. Desta-. para concluir sobre a classificação.. ca-se uma frase importante em que se afirma que. b) a estratégia de pesquisa: buscou-se a infor-. o conceito de rede que será utilizado deriva de teo-. mação sobre qual a estratégia de pesqui-. rias de estratégia. Aqui há uma indicação, ainda a. sa explicitada pelo autor, aceitando-se. ser comprovada, de que o paradigma é o racional-. as divisões existentes. Tal como na cate-. econômico. Essa confirmação aparece no item 2.2,. goria anterior, escreveu-se a classifica-. onde os autores afirmam que o artigo se funda nas. ção conforme a expressão utilizada pelo. contribuições da teoria de dependência de recur-. autor. Com esta informação é possível. sos; na teoria comportamental, com o papel da. discutir as confluências entre as teorias. confiança; na teoria dos contratos e na teoria rela-. escolhidas e as estratégias de pesquisa. cional, para controle de oportunismos. Como os. utilizadas;. autores não discutem que parte de cada uma delas. c) as técnicas de coleta. Seguindo o mesmo. que será utilizada e não fazem um esforço de. padrão dos critérios anteriores, buscou-. integração, entendemos que se trata de um misto. se a informação sobre os instrumentos e. de teorias não complementares (econômicas e. técnicas utilizados para a coleta, entre. sociais), classificando o artigo como teoria de base. as várias classificações, tais como entre-. indefinida.. vistas em profundidade, aplicação de. vários parágrafos com a repetição da palavra. questionários e acompanhamento;. trole,. O ponto convergente, que aparece em con-. é que as empresas devem controlar sua posi-. d) as técnicas de análises. Na mesma linha. ção na rede, o que nos leva a concluir sobre a. de classificação, listaram-se as técnicas. dominância do paradigma racional-econômico,. de análises explicitadas nos artigos, tais. mesmo existindo teoria social (mas que está pre-. como estatística descritiva e análise de. sente também para definir controles). Tal conclu-. conteúdo.. são se sustenta na leitura dos parágrafos posteriores, em que a noção de controle e o objetivo de. Definida a matriz de análise, e o quadro. obter ganhos por estar na rede são repetidos.. referencial para as discussões, que está resumido. Esse leque de teorias escolhidas indica pro-. no Quadro 1, passou-se à análise dos artigos. Essa. vável dificuldade para a construção dos instru-. análise seguiu os preceitos de Análise de Conteú-. mentos, que deveriam conter todas as teorias. Os. do (BARDIN, 1977), na modalidade. análise. autores, no entanto, não realizam nenhuma apre-. temática.. Nesta modalidade, em cada texto leu-se. sentação da metodologia da pesquisa, abrindo. o resumo, a parte especifica sobre a metodologia. diretamente um item 3, de apresentação dos. e os parágrafos do texto todo que continham as. resultados. A estratégia de pesquisa, portanto, é. expressões que foram utilizadas nos dois primei-. classificada como inexistente. Os parágrafos e tabe-. ros filtros, já explicitados. Essa leitura dirigida. las subseqüentes mostram que as variáveis escolhi-. propicia recolher os dados necessários.. das para caracterização da amostra são natureza. R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 14, n. 42, p. 78-101, jan./mar. 2012. 87.

(11) Ernesto Michelangelo Giglio / José Luis Guagliardi Hernandes do capital da empresa, faturamento, número de empregados, percentual do faturamento investido em P&D, grau de inovação, valor das expor-. Tabela 1 – Resultados da aplicação dos filtros para. selecionar os artigos sobre redes do Congresso EnAnpad no período de 2000 a 2009.. tações. São variáveis quantitativas e econômicas em. 1º filtro. 2º filtro. Analisados. 2000. 23. 14. 9. 2001. 11. 8. 5. cooperados para propiciar inovações; grau de utili-. 2002. 23. 19. 6. zação de atores públicos. A forma de apresentação. 2003. 20. 17. 11. em escalas nos permite concluir que o instrumento. 2004. 25. 20. 16. de coleta foi um questionário, sendo assim classi-. 2005. 35. 29. 20. ficado. A apresentação dos dados indica que as. 2006. 33. 26. 20. técnicas de análises são de estatística descritiva.. 2007. 45. 26. 23. Toda esta parte permitiria concluir que a estratégia. 2008. 34. 27. 22. de pesquisa é de multi casos, quantitativa, descri-. 2009. 82. 28. 24. Total. 327. 210. 156. sua maioria. Na sequência os autores investigam as fontes de competências tecnológicas (feiras, congressos etc); grau de importância dos atores. tiva; mas, pelas regras que elegemos neste trabalho, se o autor não explicitou as categorias, então. Fonte:. dos autores.. elas não aparecem nos resultados. Este exemplo mostra o caminho realizado para se chegar às classificações, a partir dos vários. Alguns dados merecem destaque. Os anos. níveis de leitura (titulo, resumo, parte de metodo-. de 2001 e 2002 apresentaram poucos trabalhos. logia, parágrafos com as palavras chave). Anali-. de pesquisas de campo, mas apareceram vários. sando o artigo na perspectiva do nosso problema,. ensaios sobre redes, mostrando um interesse em. verifica-se uma ausência de qualquer informação,. discutir o tema. Em 2003, Vizeu (2003) analisou os. ou comentário sobre a metodologia de pesquisa.. paradigmas de estudos sobre redes, comentando. Caberia até a pergunta se esse artigo é sobre redes. a dominância das abordagens racionais e econô-. de negócios, já que o foco está nos resultados das. micas, tanto no uso de teorias, quanto no plane-. empresas.. jamento e operação das pesquisas. Em 2004 o. Utilizando a matriz de análise exposta e fian-. número de pesquisas sobre redes cresceu bastante. do-se nos cuidados de outros artigos que analisaram. comparado aos anos anteriores, em parte porque. a literatura de redes (GIGLIO; KWASNICKA,. algumas regiões do Brasil, como o sul e o nordeste,. 2005;. TICHY;. receberam incentivos dos governos locais. Oliva,. TUSHMAN, FOMBRUN, 1979; VIZEU,. MILES;. SNOW,. 1992;. Sobral e Teixeira (2006) sugeriram um modelo. 2003) passamos à apresentação dos resultados.. de pesquisa em redes baseado na teoria dos sistemas e Regis, Dias e Bastos (2006) propuseram. 5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS. um desenho de pesquisa para uso de múltiplas técnicas. Vê-se que o tema de rede despertava interesse tanto teórico, conforme a dominância de ensaios em 2001 e 2002, como já apresentava. 88. A Tabela 1 mostra o número de artigos que. esforços para analisar e definir uma metodologia. foram selecionados nas fases de filtro e os que resta-. de pesquisa na área. O artigo de Bauer e Bucco. ram na análise final. De um filtro inicial que sele-. (2007) critica as teorias de redes que deixam o. cionou 327 artigos no período de 2000 a 2009. movimento (as mudanças) de fora, perdendo-se a. do EnAnpad, chegou-se ao número de 156 peças. unidade de estudos que são os fluxos. Nos últi-. analisadas. A eliminação dos artigos ocorreu prin-. mos três anos considerados a quantidade de tra-. cipalmente por não tratarem do fenômeno de. balhos com metodologia e técnicas sobre redes. redes de negócios.. estabilizou-se na casa de 20 artigos.. R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 14, n. 42, p. 78-101, jan./mar. 2012.

(12) Discussões sobre a Metodologia de Pesquisa sobre Redes de Negócios Presentes numa Amostra de Produção Científica Brasileira e Proposta de um Modelo Orientador. Tabela 2 – Os resultados da análise da metodologia de pesquisa de 156 artigos do Congresso EnAnpad, a partir de quatro categorias.. Teoria de base. Q. 1. Rede social e capital social 2. Indefinida 3. RBV e competências 4. Institucionalismo 5. Teoria econômica 6. Aprendizagem e cognição 7. Dependência de recursos 8. Sociologia e ANT 9. Inexistente 10. Teoria crítica 11. Ecologia e evolução 12. Teoria dos sistemas 13. Teoria dos jogos 14. Stakholders. 35. Fonte:. 34 23 19 19 13 13 7 5 4 2. Estratégia de pesquisa 1. Descritiva 2. Qualitativa 3. Estudo de caso 4. Exploratória 5. Quantitativa 6. Explicativa 7. Transversal 8. Comparativa 9. Análise bibliográfica 10. Interativa 11. Longitudinal 12. Indutiva 13. Pesquisa ação 14. Indefinida. Q. Técnicas de coleta. Q. análise Técnicas de Análise. Q. 83 71 69 40 37 7 5 4. 1. Entrevistas 2. Dados secundários 3. Questionários 4. Observação e acompanhamento 5. Bibliográfico 6. Multi técnicas 7. Grupo focal 8. Indefinido 9. Censo. 95 67 49. 1. Análise de conteúdo 2. Estatísticas descritivas 3. Mapa perceptual 4. Sociometria 5. Análise de clusters 6. Análise qualitativa 7. Diagrama de afinidades 8. Análise de sistemas 9. Teste de modelo. 22 16 8 6 3 2 2. 4 3 2 1 1 1. 29 4 3 3 2 1. 1 1. 1 1 1. dos autores.. A Tabela 2 mostra os resultados somados de. essencialmente resumos das várias abordagens, que. todos os anos em relação às categorias e subdivi-. ilustram as leituras do autor. Esse dado indica que. sões que as compõem, lembrando que os termos. um número expressivo de pesquisadores não com-. são aqueles utilizados pelos pesquisadores. Sobre. preende, ou entende não ser necessária a escolha. os dados ressalta-se inicialmente que dezenove por. de uma teoria de base para a análise da pesquisa.. cento dos trabalhos não explicitam uma teoria de. Quando ocorreu a escolha, a maioria decidiu pela. base. Um segundo ponto é a leitura horizontal das. teoria social, com muitas variações de conceitos.. primeiras colocações, mostrando a dominância das. Na sequência aparece a teoria resource based. estratégias de pesquisas qualitativas e descritivas,. view-rbv,. com o uso da técnica de entrevista para coleta e. ca, a teoria da aprendizagem e a teoria da depen-. análise de conteúdo para análise dos dados. Esses. dência de recursos. É um leque que mostra tanto. cruzamentos serão comentados adiante. A próxima. a presença de abordagens que privilegiam uma. tarefa consiste em analisar cada categoria.. empresa isolada como objeto de estudo, quanto. a teoria institucional, a teoria econômi-. de abordagens que privilegiam as interfaces entre. 5.1. organizações e atores. Uma questão que surge. Sobre teoria de base. sobre esses dados é: Será que as abordagens que privilegiam análises de unidade podem explicar o. As duas grandes dominâncias são indefinida.. A categoria. fenômeno de rede, com sua característica de conecti-. agrupa. vidade, em que o recurso competitivo pode estar. os trabalhos que apresentaram frases de várias. no conjunto e não pode ser captado na disjunção?. teorias, mas o autor não esclarece sua opção. São. A comparação com uma orquestra aqui pode. social. e. rede. indefinida. R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 14, n. 42, p. 78-101, jan./mar. 2012. 89.

(13) Ernesto Michelangelo Giglio / José Luis Guagliardi Hernandes auxiliar. Ouvindo-se apenas um instrumento de. um resultado crítico, pois sem a presença de hipó-. percussão de uma orquestra, é possível captar a. teses a construção e evolução do conhecimento. essência da música e a qualidade da orquestra?. ficam prejudicadas. Por outro lado, o dado é con-. Chama atenção a divisão. inexistente,. que. fluente com os altos índices de indefinição de. mostra a ausência de qualquer informação sobre. teoria de base, pois sem uma teoria não é possível. o item. Neste caso, apareceram cinco artigos que. construir interpretações.. não apresentaram nenhuma teoria de base.. A leitura dos objetivos expressos nos artigos classificados nas quatro primeiras estratégias. 5.2. Sobre estratégia de pesquisa. (descritiva, qualitativa, estudo de caso e exploratória) mostra um esforço dos autores em buscar relações entre variáveis que expliquem o nascimen-. Aqui há uma dominância de pesquisas des-. to das redes, os seus processos e os seus resultados.. critivas, qualitativas e estudos de casos. Em ter-. Tal procura é coerente e defensável, desde que se. mos de desenvolvimento científico, essas estraté-. chegue até a interpretação, o que não foi o caso. gias são mais adequadas e dominantes quando a. dessa amostra.. ciência está num estágio inicial de investigação de um fenômeno, o que não parece ser o caso do tema de redes, que tem bibliografia científica há pelo menos três décadas.. 90. 5.3. Sobre as técnicas de coleta de dados. As análises dos parágrafos sobre os concei-. A grande convergência de técnicas de cole-. tos de pesquisas qualitativas e estudos de casos mos-. ta é a entrevista, seguida de dados secundários (na. tram uma labilidade no uso dos termos, principal-. verdade seria coleta de dados bibliográficos e. mente deste segundo. Um exemplo sem nenhuma. documentos das empresas) e questionários. Como. especificidade é colocado como um caso e exem-. foram raros os artigos que detalharam o conteú-. plos díspares e assimétricos são agrupados como. do dos roteiros de entrevistas, pode-se apenas. casos múltiplos de uma mesma manifestação,. comentar sobre a técnica em si. A entrevista é. quando configuram apenas um painel. Conforme. usualmente utilizada para coletar impressões, ati-. Yin (2005) a ideia primordial de um estudo de. tudes, crenças, análises técnicas. A questão crítica. caso é a sua especificidade, unicidade, sua valida-. da entrevista, que deve ser pelo menos apontada. de por ser contrário à teoria, ou por ser a primei-. pelo pesquisador, mas não está presente nos arti-. ra ocorrência de uma nova categoria; revitalizando. gos, é sobre a equivalência entre o discurso do. as discussões das afirmativas e generalizações exis-. sujeito e as evidências, ou realidade do fenôme-. tentes até então. Um conjunto de entrevistas com. no. Tal questão é relevante, uma vez que a origem. gerentes, buscando captar suas opiniões sobre. da coleta da entrevista está intrinsecamente atre-. redes, não pode ser classificado como um estudo. lada aos objetivos de pesquisar as percepções mais. de caso. Sobre pesquisas qualitativas sabe-se que. profundas das pessoas (por isso existe a expressão. elas utilizam teorias já estabelecidas para descre-. entrevista em profundidade). Será que essa forma. ver, analisar e interpretar. Este último nível, o. de coleta tem capacidade de captar o fenômeno. da interpretação, é necessário para se construir hi-. das relações nas redes? Sobre esta questão Marsden. póteses que guiarão novas pesquisas. No entanto,. (1990) cunhou a expressão. o cruzamento dos 71 artigos classificados como. indicar que os dados de entrevistas mostram a. qualitativos mostra que a maioria é descritiva (83. visão que o sujeito tem da rede, o que é diferente. no total, pois se somam com outras divisões), 7 são. da dinâmica da rede de fato. Aceitando-se tal afir-. explicativos e apenas 3 apresentam interpretações.. mativa, conclui-se que um número expressivo de. Quer dizer, menos de 5% chegaram ao nível exi-. pesquisas gerou conhecimentos sobre os processos. gido e necessário num trabalho qualitativo, que é. cognitivos de apreensão do fenômeno da rede e. a interpretação e construção de hipóteses. Esse é. não sobre as redes propriamente ditas.. rede cognitiva. para. R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 14, n. 42, p. 78-101, jan./mar. 2012.

(14) Discussões sobre a Metodologia de Pesquisa sobre Redes de Negócios Presentes numa Amostra de Produção Científica Brasileira e Proposta de um Modelo Orientador A forma de coleta por observação e acom-. de um trabalho acadêmico, por que para o caso. panhamento apareceu 29 vezes. Tal como nas divi-. da metodologia nos artigos sobre redes ela pouco. sões anteriores, não há detalhes do que exatamente. se aplica? Como o leque de teorias e métodos é. estava sendo observado, ou acompanhado. Quan-. amplo, seria importante realizar essa reflexão. Nos. do o pesquisador informa que participou de uma. 23 casos em que houve alguma reflexão, a ten-. reunião de uma rede de empresas, não é suficiente. dência dos autores foi afirmar que os resultados são. para definir o objeto da observação. Autores como. limitados e que é necessário analisar mais casos.. Latour (2005) e Tichy, Tushman, Fombrun (1979). Nenhum discutiu e criticou os limites da metodo-. afirmam que o acompanhamento é uma técnica. logia utilizada.. válida para se coletar as relações na rede, desde. Sobre a terminologia, a análise revelou uma. que a unidade de estudo seja o fluxo. Adicionare-. profusão e até mesmo confusão entre metodologia. mos que ainda é possível detalhar qual fluxo se. de pesquisa, estratégia de pesquisa, métodos, ins-. está mais interessado, se técnico, ou social, por. trumentos de coleta e análise; e a capacidade das. exemplo.. formas de coleta e análise em desenvolverem e incrementarem teorias e métodos na parte de con-. 5.4. Sobre as técnicas de análise dos dados. clusões. Uma confusão, por exemplo, foi definir a metodologia da pesquisa como sendo a técnica de coleta utilizada. Na definição da teoria de base. Nessa categoria apareceram duas formas. confundem-se termos técnicos com teorias da. dominantes: a análise de conteúdo e a estatística. administração (por exemplo, teoria da lucrativi-. descritiva. Aqui se encontra uma coerência com. dade); misturam-se abordagens com princípios. as estratégias de pesquisa dominantes (descritiva. não paralelos, como. e qualitativa). Para a análise de conteúdo, no. cionalismo, e se utilizam tipologias de redes como. entanto, vale o comentário já apresentado sobre a. suporte teórico (por exemplo, teoria das redes. necessidade de evoluir a análise até a interpreta-. verticais). Sobre metodologia de pesquisa encon-. ção e desenvolvimento de hipóteses, para guiar. tra-se uma difusão do uso da palavra metodologia,. novas pesquisas. Bardin (1977), que é considerado. em tentativas de expressar a metodologia científi-. um dos autores básicos sobre análise de conteúdo,. ca, como na frase “a metodologia do trabalho é o. foi claro nos seus escritos sobre a necessidade de. método dialético”; o uso de abordagens de coleta. se construírem interpretações sobre os dados. As. cuja união de dados necessita de um esforço adi-. outras divisões menos votadas são semelhantes às. cional não explicado, como. análises métricas, como a sociometria, ou com as. onários com escalas; e formas de análises que não. análises de conteúdo, como a análise qualitativa.. são confluentes, como análise de conteúdo, que. resource based view. focus groups. e institu-. e questi-. Na leitura das conclusões verificamos se. deve culminar com interpretações e estatística. havia discussão sobre a metodologia, já que há. descritiva, que deve culminar com correlações e. uma norma de se discutir os limites dos trabalhos.. testes de hipóteses.. Em 133 casos de um total de 156, equivalente a. Vamos dar um exemplo. Um artigo de 2007. oitenta e quatro por cento, os autores não realizam. (referencia omitida) coloca que o objetivo é ana-. nenhuma discussão sobre a validade e capacidade. lisar as vantagens que uma empresa obtém ao. da metodologia que eles utilizaram para investi-. entrar numa rede de supermercados que já tem. gar o fenômeno. Não se valoriza a discussão da vali-. uma marca. O autor apresenta conceitos sociais. dade do caminho percorrido na pesquisa, ou se a. de redes, sem ligação com vantagens de uso de. estratégia era adequada ao fenômeno, conforme. marca; apresenta afirmativas sobre logística que. as categorias de análise eleitas, ou se os instrumen-. não tem ligação com o tema; ao final da parte teó-. tos eram capazes de coletar dados relevantes para. rica indica outro objetivo, que é analisar a atua-. responder às questões do estudo. A pergunta que. ção de um. fica é: Se há uma norma de se discutir os limites. marca); afirma que irá utilizar o método fenomeno-. R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 14, n. 42, p. 78-101, jan./mar. 2012. broker. na rede (o detentor inicial da. 91.

(15) Ernesto Michelangelo Giglio / José Luis Guagliardi Hernandes lógico porque esse considera o contexto, mas não. Como afirmava Popper (1992), é o momento. comenta que este caminho é inadequado para. de testar hipóteses e reformular as que não se. investigar vantagens econômicas comparativas;. sustentam. Essa dominância, segundo nosso. explicita sua estratégia como sendo estudo de caso,. entendimento, é a responsável pela inexistên-. mas nada esclarece sobre a especificidade de algum. cia de construções de hipóteses, afirmativas, ou. caso, analisando a posição de várias empresas na. modelos brasileiros sobre redes.. rede; indica ser um trabalho exploratório, mas não. No próximo item vamos apresentar uma. apresenta uma proposição orientadora; na coleta. alternativa de caminho metodológico que possa. utiliza instrumentos de observação e questionários. ser mais capaz de gerar conhecimentos.. com escalas, sem explicar como esses dados que são qualitativamente diferentes podem ser organizados em conjunto e na análise realiza estatística descritiva; buscando as relações entre variáveis. Esse não é um exemplo isolado. Outros artigos apresentam as mesmas confusões.. 92. 6. PROPOSTA DE METODOLOGIA DE PESQUISA Os comentários anteriores indicam a neces-. Os dados, portanto, indicam dominância. sidade de mudança da lente metodológica. O que. do paradigma racional- econômico, mas também. se propõe como solução alternativa? Nossa pri-. uma forte presença das abordagens sociais. Há um. meira sugestão é que a metodologia de pesquisa. amplo leque de teorias de base para explicar as redes. do fenômeno de redes pode minimizar a impor-. e um número expressivo de artigos sem escolha. tância do pensamento causal, já que o contexto. de teoria. Na metodologia predominam estraté-. social e cultural cria um campo organizacional. gias qualitativas e descritivas, com foco em casos. indissociável das ações dos atores, o que as análi-. específicos, com os dados coletados basicamente. ses causais não alcançam. Bauer e Bucco (2007) e. por entrevistas e analisados por técnicas de análise. Granovetter (1985) sustentam a afirmativa da. de discurso e estatística descritiva.. característica de constante movimento das redes,. Considerando as convergências sobre as. o que limita o alcance das análises racionais e estru-. características das redes e sobre as características. turais. O argumento é que o paradigma de um. dos paradigmas dominantes concluímos que esse. mundo racional e organizado não é adequado para. quadro de dominância na metodologia de pesqui-. fenômenos caracterizados pela interdependência,. sa cria restrições à compreensão, interpretação e. complexidade e imprevisibilidade. Este argumento. teorização do fenômeno. Ocorre que as estratégias. foi defendido por Ramos (1989), que propôs um. dominantes-descritiva, qualitativa, estudo de caso. modelo multidimensional para se entender os fenô-. e exploratória – são mais adequadas para fenô-. menos da Administração, considerando a socie-. menos novos, com poucos estudos, que necessi-. dade como um conjunto de sistemas, em que o. tam do estabelecimento de alguns parâmetros que. mercado é um deles e relativizando o pensamento. possam nortear as primeiras hipóteses e conjun-. racional econômico. A ideia de uma dinâmica em. tos de afirmativas, que aos poucos vão formando. constante mudança nas redes também é afirmada. o corpo das teorias. Não é esse o caso do fenômeno. por Castells (1999), Latour (2005) e Maturana e. de redes. Ele não é novo, conta com um corpo. Varela (1987).. de teorias que se aglutinam em três paradigmas e. O paradigma que foi aqui denominado de. existe uma boa literatura de análise da bibliografia. imersão social e econômica, conforme detalhado. sobre o assunto (GIGLIO; KWASNICKA, 2005;. no Quadro 1, é o que mais considera e valoriza as. NOHRIA; ECLES, 1992; TICHY; TUSHMAN;. relações interdependentes e o imbricamento de. FOMBRUN, 1979; ZAHEER; GOZUBUYUK;. distintas naturezas de relações, quando compara-. MILANOV, 2010). O momento científico de estu-. do com os outros dois, que adotam posições mais. do de redes parece já exigir uma análise crítica do. extremadas. O dinamismo que esse paradigma. conhecimento existente e um avanço das teorias.. aceita inclui variações de equilíbrio, de tamanho,. R. bras. Gest. Neg., São Paulo, v. 14, n. 42, p. 78-101, jan./mar. 2012.

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Tabela 1 – Resultados da aplicação dos filtros para selecionar  os  artigos  sobre  redes  do  Congresso EnAnpad no período de 2000 a 2009.
Figura 1 – A proposta de uma rede como um sistema, com dois subsistemas interligados e duas respostas de saída.

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