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Análise do processo de Reward-Based Crowndfunding relacionado com um projeto de design

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE BELAS-ARTES. ANÁLISE DO PROCESSO DE REWARD-BASED CROWDFUNDING RELACIONADO COM UM PROJETO DE DESIGN. Ana Rita Duarte Rodrigues de Homem Ferreira. Dissertação Mestrado em Design de Comunicação e Novos Media Dissertação orientada pelo Prof. Doutor Victor Manuel Marinho de Almeida 2016.

(2) DECLARAÇÃO DE AUTORIA Eu Ana Rita Duarte Rodrigues de Homem Ferreira, declaro que a presente dissertação de mestrado. intitulada. “ANÁLISE. DO. PROCESSO. DE. REWARD-BASED. CROWDFUNDING RELACIONADO COM UM PROJETO DE DESIGN”, é o resultado da minha investigação pessoal e independente. O conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas na bibliografia ou outras listagens de fontes documentais, tal como todas as citações diretas ou indiretas têm devida indicação ao longo do trabalho segundo as normas académicas. O Candidato. Lisboa, 28 de Dezembro de 2016.

(3) RESUMO O crowdfunding é nos dias de hoje um sistema emergente de financiamento a que muitos recorrerem para tornar possível uma ideia em negócio, face aos problemas da economia mundial. O crowdfunding é uma revolução em questão de financiamento de projetos independentes, onde o designer pode encontrar um meio de produzir os seus projetos sem que necessite de um contrato com uma empresa ou de o dinheiro de um empresário. O objetivo do entrepreneur será sempre o de obter sucesso, mas conseguir determinar sucesso à partida será ingénuo. Assim, existem diversos fatores inclusivos ao crowdfunding que certamente poderão ser trabalhados para obter bons resultados de impacto na audiência, e isto passa pela planificação do projeto de design, a campanha. Esta dissertação procura compreender o método de planificação de um projeto elaborado através de um sistema de financiamento coletivo na web. Para tal, foi fundamental perceber os conceitos exploratórios agregados ao crowdfunding, o que leva um designer a escolher este modelo de negócio ao invés do modelo tradicional, perceber quais as motivações do designer, as perspetivas, obrigações e contrapartidas, a dinâmica dos stakeholders, de modo a responder às premissas propostas e compreender o que torna um projeto de design num caso de sucesso de crowdfunding. Neste sentido, através do trabalho de investigação num estudo de caso com base no reward-based crowdfunding no âmbito da inovação tecnológica, do design social e do design sustentável, o Smog Free Project, pretende esta investigação oferecer um procedimento para um projeto de design com recurso ao reward-based crowdfunding, de forma que um designer, ou mesmo qualquer outro utilizador, possa pôr em prática o seu projeto.. Palavras-Chave: REWARD-BASED CROWDFUNDING; PLANIFICAÇÃO DO CROWDFUNDING; DESIGN SOCIAL; INOVAÇÃO TECNOLÓGICA; DESIGN SUSTENTÁVEL.

(4) ABSTRACT Crowdfunding is today an emerging system of funding that many resort to make possible an idea for business, address the problems of the world economy. Crowdfunding is a revolution in a matter of funding independent projects where the designer can find a way to produce their projects without requiring a contract with a company or money from a businessman. The aim of the entrepreneur will always be to succeed, but to be able to determine success at the outset will be naive. Thus, there are a number of crowdfunding-inclusive factors that can certainly be worked on to get good audience impact results, and this goes through the design of the design project, the campaign. This dissertation seeks to understand the method of planning a project prepared through a system of collective financing on the web. To this end, it was crucial to realize the exploration aggregate concepts to crowdfunding, which leads a designer to choose this business model rather than the traditional model, understand what the motivations of the designer, the outlook, bonds and counterparts, the dynamics of stakeholders in order to meet the proposed premises and understand what makes a design project in a crowdfunding success story. In this sense, through the research work on a case study based on reward-based crowdfunding in the context of technological innovation, social design and sustainable design, Smog Free Project, intends this research provide a procedure for a design project with recourse to reward-based crowdfunding, so a designer, or even any other user can implement your project.. Keywords: REWARD-BASED CROWDFUNDING; CROWDFUNDING PLANNING; SOCIAL DESIGN; TECHNOLOGICAL INNOVATION; SUSTAINABLE DESIGN.

(5) ÍNDICE     RESUMO  .......................................................................................................................................................  3   PRÓLOGO  .....................................................................................................................................................  6   ESTRUTURA  DA  INVESTIGAÇÃO  ...................................................................................................................  8   AGRADECIMENTOS  .......................................................................................................................................  9     1.   CONTEXTUALIZAÇÃO  TEÓRICA  ......................................................................................................  10   1.1.   A  economia  digital  e  a  mudança  estrutural:  cultura,  criatividade  e  crowdfunding  ............................  10   1.2.   Smog  Free  Project  na  Kickstarter  e  o  crowdfunding  ...........................................................................  15   1.3.   A  atividade  do  design  projetual  no  crowdfunding  ..............................................................................  23   1.4.   Inovação,  design  thinking  e  crowdfunding  .........................................................................................  24   1.5.   Grupos  de  motivação  .........................................................................................................................  33   1.6.   O  envolvimento  ..................................................................................................................................  35   1.7.   O  projeto  de  design  no  crowdfunding  ................................................................................................  37     2.   ESTUDO  DE  CASO:  SMOG  FREE  PROJECT  E  REWARD-­‐BASED  CROWDFUNDING  ...............................  44   2.1.   Missão,  visão  e  valores  do  designer  no  Smog  Free  Project  ................................................................  46   2.2.   O  projeto  Smog  Free  Project  ...............................................................................................................  48     3.   ANÁLISE  DE  DISCUSSÃO  DOS  RESULTADOS  ....................................................................................  56   3.1.   Fases  da  campanha  de  crowdfunding  baseado  em  recompensas  ......................................................  58   3.1.1.   Pré-­‐campanha  ..........................................................................................................................  58   3.1.2.   Durante  a  campanha  ................................................................................................................  58   3.1.3.   Pós-­‐campanha  ..........................................................................................................................  59   3.2.   Planeamento  da  campanha  de  crowdfunding  baseado  em  recompensas  .........................................  60   3.3.   Planificação  do  crowdfunding  baseado  em  recompensas  ..................................................................  63     4.   NOTAS  CONCLUSIVAS.    CONSIDERAÇÕES  FINAIS  E  RECOMENDAÇÕES                PARA  FUTURAS  INVESTIGAÇÕES   ...................................................................................................  76   5.   ANEXOS  .........................................................................................................................................  78   6.   BIBLIOGRAFIA  ...............................................................................................................................  81   7.   ÍNDICE  DAS  FIGURAS  .....................................................................................................................  85      .  . 5  .

(6) PRÓLOGO   Com a Internet surge o crowdfunding, um conceito em ascensão imputado nesta dissertação como um sistema de financiamento coletivo através de fontes de financiamento variadas. Conhecido também por financiamento pela multidão (crowd) ou financiamento colaborativo, o crowdfunding é um fenómeno recente com desenvolvimento na década passada. O seu objetivo é apelar à participação da multidão para a doação de financiamento. Em vez de recolher verbas de um pequeno grupo de financiadores especializados, o crowdfunding vira-se para um grupo alargado de pessoas, onde cada indivíduo é interpelado para contribuir com uma quantia mínima (CARVALHO E SEABRA, 2011: 4). Assim, o designer interessado em desenvolver um determinado projeto ou empreendimento, apresenta-o nas plataformas de crowdfunding e divulga-o, procurando a angariação de capital através da rede para a viabilização do projeto proposto num determinado espaço de tempo. Pretende esta dissertação provar que o reward-based crowdfunding é um modelo de negócio que pode oferecer ao designer uma saída profissional de sucesso, assim como, demonstrar como o designer, ou mesmo qualquer outro utilizador, pode vir a recorrer a esta plataforma online e servir-se desta num desafio profissional. A investigação decorreu no campo do crowdfunding de modo a oferecer um plano para que o projeto do designer venha a ser desenvolvido dentro de certas premissas e que deste modo, possa vir a vingar através deste sistema de financiamento colaborativo. Foi analisado o processo de design que suporta um projeto de índole artística através de reward-based crowdfunding, ou seja, crowdfunding baseado em recompensas. Deste modo, e por se enquadrar neste sistema de financiamento coletivo, foi feita uma análise sobre a planificação do Smog Free Project do Studio Roosegaarde, onde são observadas as suas características e especificidades, e apontados os formatos e as regras da campanha que promoveram o projeto junto do público. O uso do termo “campanha” é entendido neste trabalho como um conjunto de ações ou esforços coordenados para se atingir um objetivo e se tornar notável no propósito na comunidade. O Smog Free Project é um projeto de sucesso de design holandês com vertente em inovação tecnológica, design social e design sustentável. Logo, o estudo deste projeto levanta questões nesta área, sendo suportado pela plataforma de maior crescimento e sucesso de fomentação artística na atualidade, a www.kickstarter.com. O que torna uma campanha de sucesso de reward-based crowdfunding? Existem muitos freelancers, consultores e agências que oferecem serviços on-line de PR (Relações Públicas), de SEO (Search Engine Optimization) e de web design, logo será intuitivo pensar que é igualmente fácil contratar alguém para ajudar a executar uma campanha de crowdfunding. Fazendo uma simples pesquisa em inglês no Google sobre o tema, revela que muitas outras pessoas têm a mesma pergunta, e que não existe uma resposta fácil. Parte da confusão pode resultar da compreensão sobre o que fazem os consultores de crowdfunding e por que o empreendedor do projeto deve contratá-los.. 6  .

(7) Assim, foi estudado um de design com base em reward-based crowdfunding, o Smog Free Project. É apresentada nesta dissertação uma planificação de um projeto de design elaborada através deste sistema de financiamento e para tal, foi feita uma análise exploratória de todos os conceitos que estão agregados ao crowdfunding para possível compreensão do motivo porque se considera este um sistema emergente de financiamento coletivo a que os designers podem recorrer. Esta investigação procura perceber a dinâmica dos stakeholders neste modelo de negócio, quais as motivações do designer, as perspetivas, obrigações e contrapartidas, de modo a compreender o que poderá tornar um projeto de design num caso de sucesso de crowdfunding baseado em recompensas. A metodologia utilizada foi a pesquisa exploratória, pois não requer a formulação de hipóteses para serem testadas. Com esta metodologia, pretende-se definir objetivos, pesquisar mais informações sobre um determinado assunto de estudo e identificar qual o melhor método a ser utilizado. Esta pesquisa teve como objetivo definir os objectivos, a posição regida e a sustentação da planificação de um projeto de design com recurso ao reward-based crowdfunding. Por meio do estudo de um ícone de design social e de design sustentável, o Smog Free Project, foi possível perceber a articulação realizada entre o design num contexto atual que remete para a consciencialização da industrialização e das preocupações ambientalistas. Através da análise feita, entende-se a importância da articulação dos stakeholders para hoje se fazer inovação sem depender de um grande investidor ou do interesse e liderança da indústria. No Smog Free Project, foi verificado o papel decisivo na transmissão da mensagem ao público e desta forma foi possível entender como o design é relevante num projeto desenvolvido através de financiamento participativo.    . 7  .

(8) ESTRUTURA  DA  INVESTIGAÇÃO   A estrutura da dissertação tem como base questionar como o designer poderá desenvolver uma campanha de reward-based crowdfunding de sucesso. Assim, a análise do processo de crowdfunding do Smog Free Project com âmbito na inovação tecnológica, design social e design sustentável, partiu do pressuposto de o designer fazer uso do crowdfunding enquanto uma ferramenta profissional. O método utilizado foi a entrevista qualitativa (WEISS, 1994), tendo a entrevistadora apresentado os temas-chave em questão aos interlocutores e estes podem desenvolver abertamente as suas ideias. Algumas questões foram reformuladas de modo a obter mais pormenores sobre as ideias relativas à questão inicialmente colocada. Foram abordados os seguintes temas: −. Capítulo 1: apresentação de fundos teóricos, características e relações;. −. Capítulo 2: exposição das fases em que se estrutura o reward-based crowdfunding, dificuldades, como se aplica o plano de design, pertinência;. −. Capítulo 3: apresentação de resultados da entrevista;. −. Capítulo 4: apresentação do cruzamento das informações bibliográficas com dos resultados da entrevista, procurando dar resposta às seguintes questões: • Qual é processo de reward-based crowdfunding relacionado com projeto de design? • Como pode o designer fazer uso desta plataforma e obter vantagem num desafio profissional? • Que considerações deve o designer ter em conta no desenvolvimento projetual da campanha do seu produto de modo a obter sucesso?.  . 8  .

(9) AGRADECIMENTOS   Desejo fazer um especial agradecimento aos meus Pais, que sempre me apoiaram e incentivaram ao longo do meu percurso pessoal e académico. Agradeço o suporte e motivação dos meus amigos de Maastricht, nos momentos mais difíceis, em especial a Marc de Rooij, Saschi Momin, Ana Ramalho, Petra Maessen, Gustavo Duarte, James Harmer e Vigilenza Abazi. Ao orientador pela contribuição para que este trabalho se tornasse possível.. 9  .

(10) 1.  CONTEXTUALIZAÇÃO  TEÓRICA     1.1.  A  ECONOMIA  DIGITAL  E  A  MUDANÇA  ESTRUTURAL:  CULTURA,  CRIATIVIDADE  E  CROWDFUNDING     O século XXI é por muitos considerado a era das redes colaborativas. Podemos notar claramente que o meio ambiente foi alterado de forma radical e factualmente diversas correntes de pensamento e atuação surgiram e adquiriram uma importância de grandes dimensões, e deste modo as tentativas de mudar comportamentos e ideologias tornaram-se essenciais e inerentes à sobrevivência do Homem na Terra. O surgimento de novos cenários e atores no contexto cibernético indica uma maior visibilidade da postura de responsabilidade sócio-ambiental e possibilita a consolidação da sociedade contemporânea sob o ponto de vista da inovação, na perspectiva não só de alterar comportamentos mas também de alterar mentalidades. As pessoas demonstram iniciativa em produzir o que é de interesse próprio ou comunitário. Num projeto a ser lançado em crowdfunding, o design entra com o papel do decisivo na transmissão da mensagem intencional do projeto. Com base nestas premissas, esta dissertação teve como estudo um projeto de design de sucesso de reward-based crowdfunding no âmbito da tecnologia e inovação, do design social e do design sustentável. Assim, este estudo teve como foco a planificação do Smog Free Project do Studio Roosegaarde desenvolvido na Kickstarter, uma plataforma para financiamento coletivo de projetos de índole artística. No século XXI, ninguém pode negar a importância do computador nos dias atuais mas também não se pode desprezar a existência dos outros meios de comunicação que antecederam à invenção do computador. A popularização do computador transformou esse objeto num bem revolucionário, fonte inesgotável de conhecimento acessível a todas as pessoas, em que a classe social, etária, étnica, ou profissional do utilizador pouco importa. Como John Naisbitt afirmou, “a tecnologia do computador é para a era da informação o que a mecanização foi para a Revolução Industrial.” (NAISBITT, op. cit. Megatrends: 22). O crowdfunding é um fenómeno recente, com desenvolvimento na década passada, e que consiste na angariação de capital através de fontes de financiamento variadas. Também conhecido como financiamento coletivo, financiamento pela multidão ou financiamento colaborativo, numa tradução livre adotada pela língua Portuguesa, é uma modalidade de financiamento coletivo surgido na Internet. Resume-se na solicitação pública para o financiamento específico de um projeto, e com pequenas contribuições feitas por indivíduos isolados são adicionados ao todo para a implementação do projeto (BANNERMAN, 2013). O termo crowdfunding surge da fusão da expressão “crowd”, grupo, multidão, e “funding”, financiamento. Ou seja, na raiz da expressão vemos uma forma de financiamento que tem origem na multidão, num grande grupo que se une para financiar algo. É um sistema único e peculiar na forma como imita as formas tradicionais de investimento e prática empresarial, mas não se encaixa perfeitamente em qualquer das funções de negócios tradicionais. A forma de captação de recursos envolve indubitavelmente um pedido específico: a crowd é solicitada para contribuições financeiras para um determinado empreendimento ou causa. Este sistema de financiamento coletivo é fruto da era das redes digitais de interação e baseado no conceito antigo da “inteligência coletiva”, possibilitando a aproximação e interação entre pessoas com 10  .

(11) um objetivo ou causa comum, e que podem agir em sinergia. É uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta numa mobilização efetiva das competências. (LÉVY, 1998: 28). A indústria de crowdfunding é um negócio em ascensão, por outras palavras, a maioria dos sites de crowdfunding estão no negócio para obter lucro. Por esta razão, a plataforma de crowdfunding pode cobrar uma percentagem do dinheiro que foi alcançado (ou mesmo que o objetivo não tenha sido atingido, como acontece em algumas plataformas) e/ou cobrar uma taxa para iniciar a campanha. Também podem ser cobradas taxas de processamento de pagamento. Cada site de crowdfunding tem os seus termos de serviço, portanto, é necessário verificar as condições requeridas pelos sites para escolher qual o melhor se adequa ao projeto que é pretendido propor. Alguns sites exigem que seja fornecido equidade (propriedade parcial) aos investidores ou oferecer aos investidores um retorno sobre o seu investimento. Também podem colocar um limite no número de dias em que a campanha pode estar ativa. No entanto, são os pequenos e médios projetos, antes não comtemplados pelo sistema tradicional de financiamento, que agora constituem a maioria dos projetos apresentados em crowdfunding. 1.1.1.  MODELOS  DE  CROWDFUNDING   A escolha da plataforma é um fator decisivo no projeto de crowdfunding. Existem várias opções ao escolher uma fonte de financiamento coletivo e torna-se imprescindível tomar conhecimento dos modelos disponíveis para que na altura de decidir em avançar com o projeto, saber escolher qual melhor se adequa e irá responder às necessidades e aos objetivos iniciais. As plataformas não são todas iguais em termos de conjunto de recursos, tamanho de público, credibilidade com os consumidores e alcance final. Certas plataformas centram-se em tipos específicos de projetos, tais como projetos artísticos, esforços locais ou humanitários, enquanto outros são mais adequados para empreendimentos de alta tecnologia ou sem fins lucrativos. O sector de finanças alternativas é uma indústria jovem e não há uma taxonomia universalmente aceita ainda para descrever os diferentes atores na indústria. No The European Alternative Finance Benchmarking Report1 da Universidade de Cambridge (Fevereiro de 2015) esta questão já foi abordada. O Benchmarking Report seguiu a taxonomia de nove categorias de negócios que foram construídas na definição e segmentação do mercado de financiamento alternativo do Reino Unido em estudos anteriores. Segundo este relatório e dentro taxonomia, são apresentados nesta dissertação segundo o modelo de quatro tipos de crowdfunding para melhor compreensão do enquadramento do reward-based crowdfunding, o modelo de negócio do estudo de caso. No entanto, é importante esclarecer que os modelos baseados na recompensa não financeira é sustentada pela ideia de que a doação feita aos apoiantes deve ser em prol do projeto, da ideia e da sua execução, e não em troca de lucro ou qualquer outro objetivo financeiro:. 1.  Disponível   em:   <http://ec.europa.eu/finance/general-­‐policy/docs/crowdfunding/150304-­‐presentations-­‐ecsf_en.pdf>.   Consul-­‐ tado  a  22  Setembro  de  2016.  . 11  .

(12) −. Reward-based crowdfunding ou crowdfunding baseado em recompensas: o modelo mais comum e o mais presente nas plataformas atuais. Neste modelo, o fundamento é a oferta de recompensas não-financeiras em troca de doações, onde normalmente a recompensa é proporcional ao capital ofertado como apoio. Os empresários vendem previamente um produto ou serviço para lançar um conceito de negócio sem incorrer em dívidas ou sacrificar ações.. −. Donation-based crowdfunding ou crowdfunding baseado em doações: o modelo de negócio que está especificamente dirigido para projetos de fins sociais e de caridade. É um modelo onde os backers doam porque desejam e não porque esperam algo em troca.. −. Equity-based crowdfunding ou crowdfunding baseado em ações: modelo que tem foco no investimento em capital próprio ou na partilha de receitas em empresas ou projetos, sendo uma excelente forma para o financiar startups, pois os investidores tem participação nos lucros. O backer recebe ações não cotadas da empresa, geralmente no estágio inicial, em troca do dinheiro prometido. O sucesso da empresa é determinado pela forma como pode demonstrar a sua viabilidade.. −. Credit-based crowdfunding ou crowdfunding baseado em empréstimos Peer-to-Peer (P2P Lending2 ou Peer-to-peer lending), modelo que ainda pode ser subdividido em empréstimos de consumo e comerciais: as pessoas interessadas em obter um empréstimo são colocadas em contato com quem pode conceder tais empréstimos, sem a interferência de bancos ou instituições financeiras. 1.1.2.  OS  STAKEHOLDERS:  ATORES  E  MOTIVAÇÕES   Assim, a internet acelera e simplifica o processo de encontrar grandes grupos de financiadores poten-. ciais que podem usar o crowdfunding para ingressar nas atividades mais inesperadas da nossa cultura (HOWE, 2009: 222). O crowdfunding pode responder a esta demanda como uma alternativa de financiamento à cultura e às artes pelo menos por 3 razões: 1.. É democrático, qualquer artista pode utilizar a plataforma e as pessoas têm liberdade para escolher qual o projeto que irão apoiar e com quanto;. 2.. É abrangente, permite a divulgação e o financiamento de diversas expressões artísticas e culturais que encontram eco em nichos específicos e;. 3.. É emancipatória, oferece poder aos artistas e autonomiza os processos de captação de recursos.. Os projetos contam com 3 tipos de backers que se distinguem pela sua motivação: pessoal (amizade), racional (interesse no resultado) ou intuitiva (que compartilha o mesmo propósito). Na maioria dos casos, as pessoas estão dispostas a contribuir se o projeto é útil, desejável e/ou defende uma causa importante. Existem vários tipos de plataformas de crowdfunding, mas apesar das suas diferenças, todas as plataformas funcionam da mesma maneira.. 2.  Disponível  em:  <https://en.wikipedia.org/wiki/Peer-­‐to-­‐peer_lending>.  Consultado  a  2  Outubro  de  2016.    Existem   outras   formas   de   plataformas   de   crowdfunding,   como   plataformas   baseadas   em   equity-­‐based   (ações),   loan-­‐based  . 3. 12  .

(13) O designer começa por criar uma página no site da plataforma onde detalha o seu projeto, define um objectivo de financiamento e por fim observa os movimentos dos investidores que vão surgindo durante o tempo limitado, que foi previamente estabelecido para o investimento coletivo. Muitas disciplinas poderão ser envolvidas no processo de design. Por esta razão, é necessário entregar a todos os atores do sistema não apenas dados relevantes, mas também informações correspondentes às suas competências específicas. A experiência visual é baseada principalmente em projeções, onde é pretendido mostrar que uma escolha mais alargada de conhecimentos dos atores é a melhor maneira de melhorar os intercâmbios de dados. Como é essencial levar isto em conta, desde as primeiras etapas do projeto até o projeto final, os parceiros precisam se comunicar com vários tipos de projeções que nem sempre são as mais comuns. Nesse processo, espera-se que todos os colaboradores contribuam para a fluência das trocas, com a consequência de que, para ampliar alguns aspectos do projeto, são induzidos a definir novas representações (BECKERS, 2007). Um dos aspectos evidentes no crowdfunding inclui o marketing do projeto para ganhar popularidade e conscientização, o financiamento para arrecadar dinheiro para o empreendimento através dos backers, a administração do designer para fornecer as recompensas prometidas para cada backer, e o gerenciamento de projetos, para então efetivamente serem usados os fundos obtidos para criar um negócio bem sucedido, e/ou para ver um projeto a ser concluído. A distribuição de massa de um projeto de crowdfunding envolve uma nova relação entre o designer e seu potencial público, devendo-se este facto à forte implementação das redes sociais e à natureza viral de informações (SHANE e CABLE, 2002: 364-381). O crowdfunding oferece ao designer ferramentas e estratégias de atuação perante o mercado atual, sendo que através deste sistema de financiamento coletivo o designer obtém um novo posicionamento e desafio profissional no mercado em constante mudança. Quando o designer pretende desenvolver um projeto que é mais modesto e que não tem uma marca e imagem sólida, é excluído da capacidade para recorrer a formatos de apoio como o mecenato e o patrocínio, e mesmo para alcançar um financiamento bancário. Neste contexto de dificuldade, o engenho dos promotores dos pequenos projetos, perspetiva fontes de financiamento inovadoras e alternativas como o crowdfunding. Esta prática coloca a tónica no consumidor que passa também a ser criador do projeto. Aqueles que voluntariamente contribuem com verbas financeiras para um determinado projeto, os backers, fazem-no tendo, ou não, expectativas de receber alguma compensação. As contribuições dos backers podem assumir a formas de dinheiro, ações, stocks, repartição dos lucros ou pré-reserva de produtos. Quantas ideias inovadoras de negócios não morrem antes mesmo de nascer? A grande maioria destas sofrem sempre do mesmo mal: da falta de investimento. Ainda mais em tempos difíceis de recessão e crises económicas, está cada vez mais difícil conseguir capital para financiar grandes negócios. E é neste momento de incerteza que surge uma alternativa criativa e muito promissora para a geração de investimentos: o crowdfunding. Este modelo de negócio é utilizado para qualquer tipo de mercado, seja ele cultural, de saúde, tecnologia, industrial, entre outros. Serve não apenas para pessoas que não possuem dinheiro para o financiamento, mas também para empreendedores que precisam de aplicar um capital alto. É sem 13  .

(14) dúvida, uma alternativa importante para a captação de recursos. Esta modalidade de financiamento baseia-se na vontade das pessoas em ajudar um negócio a sair do papel, mesmo com baixo investimento, com o objetivo de no futuro poder participar de alguma forma naquela empresa (PERIARD, 2011). Os empreendedores em início de carreira e os designers que operam no sector das finanças alternativas, podem encontrar aqui a possibilidade da concretização de projetos e de receber uma opinião sobre os seus produtos. Para além do financiamento, realça-se que o crowdfunding funciona como agregador de reconhecimento e feedback através das redes sociais. Com efeito, as redes sociais permitem uma aproximação simples e gratuita aos financiadores, na mesma medida que os custos de produção e de distribuição decrescem. O crowdfunding é uma revolução emergente e é bem-vindo para as indústrias criativas. O financiamento depende da capacidade de comunicação do projeto na rede de contactos. Saber tirar partido desta tendência para financiar e publicitar as iniciativas, é o cenário que se apresenta ao designer. Apresenta-se neste trabalho, o estudo do projeto Smog Free Project por ter obtido financiamento de sucesso e por ter sido amplamente mediatizado pela participação num processo de financiamento coletivo. O modelo de crowdfunding é composto por três tipos de atores: 1.. O designer, referido nesta dissertação como o proponente por ser o iniciador do projeto que propõe a ideia e/ou projeto a ser financiado;. 2.. Os backers, indivíduos ou grupos que apoiam financeiramente o projeto;. 3.. A plataforma, a organização moderadora que reúne as partes para lançar o projeto.. As entradas dos indivíduos na multidão acionam o processo crowdfunding e influenciam o valor final das ofertas ou resultados do processo, gerando mais apoio. Cada indivíduo atua como um agente da oferta, selecionando e promovendo os projetos em que ele acredita. Por vezes desempenham um papel de doador orientado para fornecer ajuda em projetos sociais. Em alguns casos, tornam-se acionistas e contribuirão para o desenvolvimento e crescimento da oferta. A motivação para a participação do consumidor decorre do sentimento de ser, pelo menos em parte, responsável pelo sucesso das iniciativas alheias (desejo de patrocínio), procurando ser parte de uma iniciativa social comunitária (desejo de participação social) e procurando um retorno monetário através de contribuições (desejo de investimento). Os motivos que despertam o desejo de um indivíduo participar em iniciativas de crowdfunding têm várias origens e interesses. Estes indivíduos tendem a revelar vários traços distintos: −. Orientação inovadora, que estimula o desejo de experimentar novas formas de interagir com empresas e outros consumidores;. −. Identificação social com o conteúdo, causa ou projeto selecionado para financiamento;. −. Identificação monetária, o indivíduo espera receber uma recompensa. São muitas as plataformas de crowdfunding existentes nos dias de hoje. Os criadores dos projetos. precisam de fazer a sua própria pesquisa para entender qual é a melhor plataforma para o seu negócio, dependendo do tipo de projeto que os criadores querem lançar. Existem diferenças fundamentais nos servi14  .

(15) ços prestados pelas plataformas de crowdfunding e estas criam os sistemas e as condições organizacionais necessárias para a integração dos recursos. Os mediadores relacionais, como a Kickstarter, atuam como um intermediário entre a oferta e a procura e substituem os intermediários tradicionais. São plataformas que reúnem novos artistas, designers, iniciadores de projetos com aqueles que acreditam o suficiente nas pessoas por detrás dos projetos para fornecer o apoio monetário. Os motores do crescimento centram-se na forte inclusão dos que investem, eliminando a atividade de um prestador de serviços anteriormente envolvidos na rede.. 1.2.  SMOG  FREE  PROJECT  NA  KICKSTARTER  E  O  CROWDFUNDING   O sucesso do estudo de caso Smog Free Project apresentado nesta dissertação, foi resultante dos esforços empreendedores da multidão por meio de um sistema de financiamento online na plataforma Kickstarter, que possibilitou que o Studio Roosegaarde fosse empreendedor do seu próprio projeto. Foi com o lançamento da plataforma Kickstarter que o termo crowdfunding realmente começou a ser utilizado pelas massas a partir de 2009, especialmente para tornar viável projetos de crowdfunding (DRAKE, 2014). Kickstarter é uma plataforma de crowdfunding baseada em recompensas (reward-based crowdfunding), através da qual os empreendedores capitalizam metas de captação de capital e, em troca, os indivíduos recebem uma recompensa por participar.3 Num estudo4 publicado em 2014, foram identificados dois tipos de crowdfunding baseados em recompensas: “Keep-it-All (KIA), onde a empresa empreendedora define uma meta de angariação de fundos e mantém o montante total levantado, independentemente de alcançar ou não a meta, e All-or-Nothing (AON), onde a empresa empreendedora estabelece uma meta de angariação de fundos e mantém nada, a menos que o objetivo seja alcançado”. Como já colocado, a primeira experiência com crowdfunding no mundo teve início em 2009 no site norte-americano Kickstarter, onde artistas, produtores culturais e pessoas de áreas variadas podiam apresentar um projeto para financiamento. As condições básicas exigiam que o projeto tivesse um valor preciso para a realização, um prazo de execução, e recompensas não financeiras para os doadores na rede. Nestes pontos, reside a essência do processo de crowdfunding. Os projetos necessitam ter um foco específico, devem ser realizados por pessoas com alguma experiência e capacidade de construir o que propõe, obrigatoriamente precisam ter prazos de execução com início e fim, de oferecer recompensas não financeiras para as pessoas que doarem recursos e, acima de tudo, devem ser capazes de atrair a atenção e apoio na rede, de forma a transformar esta atenção em recursos doados.. 3.  Existem   outras   formas   de   plataformas   de   crowdfunding,   como   plataformas   baseadas   em   equity-­‐based   (ações),   loan-­‐based   (empréstimos)  e  donation-­‐based  (doações).  Estas  plataformas  atraem  diferentes  tipos  de  crowdfunders,  uma  vez  que  os  incenti-­‐ vos  para  participar  não  se  baseiam  em  receber  um  produto.   4  Estudo  facilitado  em  <http://leeds-­‐faculty.colorado.edu/bhagat/CrowdfundingModels-­‐KeppItAll-­‐AllorNothing.pdf>.  Consultado   a  27  Julho  de  2016.  . 15  .

(16) Segundo Scott Steinberg, a Kickstarter, o maior dos sites de crowdfunding, levantou cerca de US$100 milhões em financiamento em 2011, e cerca de US$250 milhões ou mais em 2012. A Kickstarter está aberta a qualquer tipo de projeto, em qualquer lugar do mundo, e oferece muitos níveis de suporte a partir do momento em que se começa a desenvolver a campanha até que seja concluída. O site oferece uma integração suave em medias sociais e sites individuais, uma grande ajuda online, um painel de análise que ajuda a acompanhar o progresso do projeto e ver de onde vêm as promessas, e uma ferramenta de levantamento pós-campanha (STEINBERG, 2012): −. A parte que fica para a Kickstarter: 5% de uma campanha financiada com sucesso, além de se ter de pagar taxas de transação entre 3-5%;. −. As regalias do criador de projeto em criar na Kickstarter: a Kickstarter é facilmente a plataforma de crowdfunding mais conhecida, com o público mais vasto;. −. Advertências: inúmeros projetos são lançados no site todos os dias, de forma que destacar-se entre a multidão pode ser mais difícil;. −. Tudo-ou-nada metas de arrecadação? Sim. 1.2.1.  DESIGN  SOCIAL,  DESIGN  SUSTENTÁVEL  E  ENERGIA  VERDE,   CLEAN-­‐TECH  E  INDÚSTRIA  PRO-­‐BICYCLE   O objetivo primordial do design social é a satisfação das necessidades humanas. Quando a maioria. das pessoas pensa em design de produto, visionam produtos para o mercado produzidos por um fabricante e dirigidos a um consumidor, pois o objetivo primário do design para o mercado é criar produtos para venda. Nos dias de hoje, modelos de mercado e modelos sociais ainda são dois polos de uma constante. A diferença é definida pelas prioridades da encomenda ao invés de um método de produção ou distribuição. Desde a Revolução Industrial, o paradigma de design dominante tem sido o de desenhar para o mercado. Em 1972, Vitor Papanek publicou o livro “Design for the Real World” no qual a sua famosa declaração «existem profissões mais prejudiciais que o design industrial, mas bem poucas»5. Desde esta publicação, foram vários os agentes os que responderam à chamada de Papanek e várias propostas de design foram desenvolvidas para responder a necessidades sociais. Estes esforços têm evidenciado que uma alternativa para o design de produtos para o mercado é possível, mas não têm levado a um novo modelo de prática social. No entanto, pouco se tem pensado sobre as estruturas, métodos e objetivos do design social. A respeito do design para o desenvolvimento, algumas ideias têm sido emprestadas do movimento tecnológico intermediário ou alternativo, que têm promovido soluções tecnológicas de baixo custo para problemas em países em desenvolvimento, mas a respeito de um entendimento mais amplo de como o design para necessidades sociais pode ser comissionado, mantido e implementado, pouco tem sido feito. A área da psicologia ambiental tem tentado responder às necessidades ambientais dos vulneráveis. Aqueles que 5.  PAPANEK,  Victor.  Design  for  the  Real  World.  Human  Ecology  and  Social  Change.  2ª  edição.  Chicago:  Academy  Chicago,  1985.   Foi  usada  a  segunda  edição  ao  invés  da  original  de  1972,  porque  foram  feitas  uma  série  de  modificações  entre  uma  edição  e   outra,  e  foi  aqui  pretendido  trabalhar  nos  seus  pensamentos  mais  atuais.  Para  uma  discussão  acerca  do  conceito  de  Papanek   sobre  design  socialmente  responsável,  ver  Nigel  Whiteley,  Design  for  Society,  London:  Reaktion  Books,  1993,  pp.  103-­‐115.  . 16  .

(17) trabalham nesta área usam uma abordagem interdisciplinar para implementar soluções que criam inovação no segmento. A responsabilidade social ainda está em evolução e não há soluções universais para as empresas envolvidas em atividades de responsabilidade social, nem tão pouco para as atividades fins do profissional de design envolvido com empresas preocupadas com esta questão. O alvo destas ações está sempre em movimento e não pode ser plenamente alcançado de uma só vez e por uma ação isolada de apenas um dos atores da sociedade. Na verdade, o efetivo alcance de níveis mais elevados de equidade e coesão social demanda atuações sistémicas, envolvendo toda a sociedade. É um processo contínuo, que exige revisão constante e reflexão, requer atenção às novas questões e considerações na sociedade (CANADÁ, 2006). Apesar das crescentes transformações anexas ao processo de alteração do paradigma a que a sociedade está associada, existe no homem atual uma mudança para sistemas de organização focados numa maior preocupação ambiental. O designer cada vez tem menos alternativas ao projetar, ao edificar sobre uma antropologia filosófica suspensa por uma relação cada vez mais estreita com os desejos dos utilizadores, sobre uma obsolescência registada em ciclos de moda e de inovação tecnológica (ALASTAIR FUADLUKE, 2009). Nesse sentido, a radicalidade da resposta do homem e do design está agrilhoado em padrões de comportamento e filosofias ainda excessivamente conectados com o passado não se predispondo para alterações mais radicais (FUAD-LUKE, 2009). No livro Teoria e Prática do Design Industrial (1992) de Gui Bonsiepe, pode-se observar o mote sobre o discernimento destas preocupações ambientais apontando claramente o papel do designer e o seu futuro no meio produtivo: “survival through design” em vez de “disaster through design” (BONSIEPE, op. cit.: 75). No documento de orientação específica (1992) sobre a Expo mundial, realizada em 2000 em Hannover, estimula-se o design e a sua relevância: “The Hannover Principles aim to provide a platform upon which designers can consider how to adapt their work toward sustainable ends.” (MCDONOUGH, 1992: 4). Realça-se ainda que na década de 90, a ferramenta criada no banco de dados de matérias on-line o Ecoindicator 95 (1995), criou um amplo campo de possibilidades de progressão na compreensão dos problemas ambientais (MARK GOEDKOOP, 1995). A escolha dos materiais e das tecnologias com menor impacto ambiental, evidencia uma otimização de recursos energéticos e materiais, assim como uma maior exatidão na convergência das linguagens díspares (engenharias e design), assente numa perspetiva multidisciplinar entre representantes da indústria, do poder político e da ciência procurando nas confluências em unir as linguagens mais empíricas com as necessidades dos designers. Este é um momento histórico em se que começa a desenhar no horizonte uma consciência ambiental inclusiva a uma responsabilidade ética de quem extrai as matérias, de quem as produz, de quem as distribui e de quem as coloca no mercado (MCDONOUGH, 2005). Na enunciação dos discursos e das intenções, nem sempre se teve uma correspondência empenhada e efetiva com o sentido proclamado da origem. Assim, pode-se reafirmar que o desenvolvimento sustentável foi constantemente desacreditado, instrumentalizado e interpretado em muitas situações conforme os interesses particulares de alguns (BONSIEPE, 1992). A interação desta problemática, no qual o design se começa a desenvolver, está efetivamente interdependente dos três cenários de influência, o ambiente, a pro17  .

(18) dução e o consumo, exigindo um design com objetividade, sobre o domínio sustentável, uma predisposição para projetar responsavelmente. Neste caminho, hoje é perceptível que inúmeras associações de defesa do ambiente, que vão surgindo nos mais diversos sectores, apelando e intervindo de forma por vezes drástica, alertando a opinião pública sobre os efeitos da indústria e dos seus processos de produção, incitando a um substituir das abordagens curativas das décadas de 60 e 80 (medidas end-of-pipe), para outras de caráter específico ou localizado e como tal preventivas (medidas tecnológicas e organizacionais on-site), ao longo dos anos 80 e 90 (LEAL, 2005). Será importante que na tentativa de melhorar cientificamente e economicamente os processos produtivos, as inúmeras metodologias de gestão e de ecodesign que começaram a emergir desde a década de 60, se possam agora refinar incrementando estratégias internacionais. O ato de “fazer design” não deveria necessitar de prefixos associados à ecologia ou sustentabilidade. Estes fazem parte e são agentes integrantes da mudança. Esta aceleração e perspetiva de mudança invoca que os designers são agora parte integrante desta, como agentes e contaminadores deste retomar idílico sob um pensar de ideias e conceitos agora efetivos sob metodologias e objetivos mais concretos, ou como refere Adrian Forty (1986, op. cit. GUY JULIER, 2000: 60) “Designers are both in command of what they do but at the same time they are the agents of ideology, subcontractors of a bigger system. Both conditions coexist in the work of design”. Hoje o homem (designer) encontra-se sobre a tentativa de calibração sobre as percepções sistémicas, sobre o número infindável de áreas, onde as confluências dum sistema holístico e a (ir)racionalidade dum pensamento pragmático e a criatividade da não-linearidade. O entendimento dos ciclos e da não linearidade ajusta-se no pensamento dos problemas ambientais e morais subjacentes às matérias, às energias, aos processos e aos produtos, retomando metodologias que exploram a base científica e empírica como os processos endémicos de intuição, emoção e significação. Hoje o designer tenta interpenetrar os vários estádios dum ciclo de vida de um produto, desde a exploração das matérias-primas, o seu processamento, a sua manufatura, a sua distribuição, o seu uso e consumo, assim como os processos regenerativos de assemblagem, reciclagem ou readaptação. Neste âmbito, referem-se os princípios enunciados pelo ecodesign, de forma a garantir que as regras de cunho estão ou deverão estar no ADN do designer. Mas este sentido operativo apenas poderá ser efetivado quando as gerações mais novas sejam cunhadas desde tenra idade nas escolas sob os princípios assentes desta orientação operativa. As gerações atuais, porventura serão sempre não nativas do ponto de vista ecológico, registando por isso maior dificuldade de interpretação e maior resistência na aplicação de métodos e formas inclusas aos princípios ecológicos e de sustentabilidade (MCDONOUGH & BRAUNGART, 2002), tais como: eficácia ambiental, uso de recursos renováveis, design para reutilização, produção limpa, entre outros. O design sustentável «(...) é a filosofia de projetar objetos físicos, o ambiente construído, e serviços em conformidade com os princípios da sustentabilidade social, económica e ecológica. A intenção do design sustentável é “eliminar completamente o impacto ambiental negativo através de projetos hábeis, sensíveis”. Manifestações de design sustentável exigem recursos renováveis, mínimo impacto ambiental, e. 18  .

(19) formas de conexão das pessoas com o ambiente natural. (...) »6 O design sustentável segue um conjunto de princípios, criando uma melhor experiência do utilizador e conforto, fazendo mais com menos, e maximizando os efetivos de qualidade de materiais duráveis. Roosegaarde pratica no Smog Free Tower “a forma segue o meio ambiente”, ao invés de a forma seguir a função, o princípio funcionalista associado a Louis Sullivan: “a forma segue a função” – “form follows function”, do arquiteto proto-moderno Louis Sullivan, também traduzida como “forma é função”. A green energy, ou energia verde, inclui processos energéticos naturais que podem ser aproveitados com pouca poluição. A energia verde é a eletricidade gerada a partir de fontes de energia renováveis. «(...) Em alguns países, como na Holanda, as empresas de eletricidade garantem a compra de uma quantidade igual de energia verde como a que está a ser utilizada pelos seus clientes de energia verde. O governo holandês isenta o poder verde dos impostos sobre a poluição, o que significa que a energia verde não é mais cara do que a outra. (...)»7 Em Portugal, Parity8 é a primeira plataforma de investimentos sustentáveis. Com base em Portugal, a plataforma utiliza o crowdfunding para permitir o investimento e financiamento de projetos de energias renováveis e eficiência energética em Pequenas e Médias Empresas (PME’s). O Parity quer contribuir para uma nova economia, mais verde e descentralizada, reunindo na mesma plataforma projetos, investidores e instaladores. Além de promover o alargamento do acesso a oportunidades e da partilha dos benefícios gerados, o Parity também pretende ser um motor da sustentabilidade energética, ambiental e social. Clean (CLIFT, 1995) é uma linguagem de programação funcional, baseada nos conceitos de funções matemáticas. Foi desenvolvida na Universidade de Nijmegen na Holanda para o desenvolvimento de aplicações do mundo real (real-world applications). As expressões em clean são formadas usando-se funções para combinar determinados valores. Uma função em clean é referencialmente transparente, ou seja, seus resultados são dependentes dos valores de seus argumentos. Já o termo clean-tech traduzido à letra, significa «indústria de tecnologia de limpeza». É abreviatura de clean technology ou cleaner technology e significa “evitar o dano ambiental na fonte.” (CLIFT, 1995). A União Europeia reconheceu oficialmente a importância do ciclismo como um modo alternativo de transporte urbano, gerando benefícios ambientais, económicos e de saúde (ECMT, 2004). Ligado a isto, o uso de bicicletas como meio de transporte de encomendas e/ou passageiros está a ganhar ainda mais significado. A relevância primordial é o reconhecimento do valor económico na utilização das bicicletas, de modo que uma transição de longo prazo e sustentada para um paradigma pro-bicycle (pró-bicicleta) poderia ser alcançada. No entanto, as políticas podem não ser suficientes para alcançar uma transição sustentada de longo prazo em direção a uma sociedade pró-bicicleta.. 6.  Disponível  em:  <https://pt.wikipedia.org/wiki/Design_sustent%C3%A1vel>.  Consultado  a  9  Outubro  de  2016.    Disponível   em:   <https://en.wikipedia.org/wiki/Sustainable_energy#Green_energy_and_green_power>.   Consultado   a   9   Outu-­‐ bro  de  2016.   8  Parity   é   a   primeira   plataforma   de   investimentos   sustentáveis   em   Portugal.   16   Setembro   de   2016.   Disponível   em:   <http://www.impulsopositivo.com/content/parity-­‐e-­‐primeira-­‐plataforma-­‐de-­‐investimentos-­‐sustentaveis-­‐em-­‐portugal>.   Consul-­‐ tado  a  3  Outubro  de  2016.   7. 19  .

(20) 1.2.2.  CROWDFUNDING  NA  EUROPA   O mundo tem vindo a mudar a um ritmo mais rápido nestas últimas décadas. Para a Europa e outras partes do mundo, uma significante transição da produção tradicional para os sectores dos serviços e da inovação deveu-se à célere implantação das novas tecnologias e a globalização crescente. As fábricas têm sido progressivamente substituídas por comunidades criativas, cuja matéria-prima reside na sua capacidade para conceber, criar e inovar. Nesta nova economia digital, o valor intangível determina significativamente o valor material, na medida em que, cada vez mais, os consumidores procuram experiências novas e enriquecedoras. Nos dias de hoje, a capacidade para criar experiências sociais e para criar redes é um fator de competitividade. Grande parte da nossa prosperidade futura dependerá da forma como utilizamos os recursos, conhecimentos e talento criativo de que dispomos para estimular a inovação. Partindo da riqueza e diversidade das nossas culturas, a Europa tem de ser pioneira de novas formas de criação de valor acrescentado, mas também da vida em sociedade, partilhando recursos e tirando partido da diversidade. As soluções imaginativas em muitos sectores diferentes resultam do processo criativo nesses sectores, desde a regeneração ou promoção da imagem de países, regiões ou cidades até ao desenvolvimento de competências em tecnologias da informação e das comunicações (TIC) úteis para a aprendizagem ao longo da vida, do incentivo da investigação à comunicação de valores de forma acessível, de produtos e serviços inovadores à promoção de enquadramentos económicos com baixa emissão de carbono e sustentáveis; do diálogo entre gerações ao diálogo intercultural e à formação de comunidades. Um número crescente de países percorrem políticas especificamente relacionadas com as indústrias criativas.9 O Reino Unido, a Finlândia e a Holanda estão na vanguarda desta tendência. Durante a sua vigência mais recente como presidente da União Europeia, a Holanda coloca as indústrias criativas na agenda da política europeia a longo prazo. A Comissão Europeia seguiu este curso num comunicado subsequente que destaca a importância das indústrias criativas para a Europa. E em conformidade com a Estratégia de Lisboa10, os chefes de governo também destacaram o potencial das indústrias criativas e o contributo que podem dar para a competitividade europeia. Há também outros desenvolvimentos nos quais a Holanda tem tido um papel determinante e que demonstram que esta questão tem sido relevante: −. Em 2009 foi declarado o Ano da Criatividade e Inovação,. −. A Comissão iniciou uma consulta pública sobre “Design como um motor da inovação centrada no utilizador”,. 9.  «Incluindo   Austrália,   Áustria,   Bélgica,   Canadá,   Dinamarca,   Finlândia,   França,   Alemanha,   Irlanda,   Nova   Zelândia,   Noruega,   Espa-­‐ nha,   Suécia,   Holanda,   Reino   Unido,   Portugal,   Singapura   e   Coreia   do   Sul.   As   Políticas   Nacionais   de   Indústrias   Criativas   estudo,   EURICUR  2007.  Além  disso,  as  grandes  nações,  como  os  Estados  Unidos,  China  e  Índia  criaram  iniciativas  voltadas  para  a  indús-­‐ tria   criativa.»   In   Creative   Value.   Culture   and   Economy   Policy   paper,   2009,   pp.   45.   Disponível   em:   <creative-­‐value-­‐culture-­‐and-­‐ economy-­‐policy-­‐paper.pdf>.  Consultado  a  16  Setembro  de  2016.   10  A  Estratégia  de  Lisboa  foi  definida  em  2000  no  Conselho  Europeu  de  Lisboa.  Consiste  numa  estratégia  para  a  União  Europeia   que  tem  como  objectivo  tornar  a  Europa  na  economia  do  conhecimento  mais  competitiva  e  dinâmica  do  mundo,  capaz  de  gerar   um   crescimento   económico   mais   verde,   sustentável   e   mais   inovadora,   com   mais   e   melhores   empregos   e   maior   coesão   soci-­‐ al.  Disponível  em:  <http://ec.europa.eu/archives/growthandjobs_2009/>.  Consultado  a  16  Setembro  de  2016.. 20  .

(21) −. Os Estados membros criaram um grupo de peritos de indústrias criativas que apresenta recomendações para a futura cooperação europeia – a Holanda juntamente com Portugal, lideram este grupo,. −. Sobre as indústrias criativas, a Comissão Europeia publica em 2010 o Livro Verde – Realizar o potencial das indústrias culturais e criativas11,. −. O gabinete está a prosseguir a intensificação da troca de conhecimentos e experiências dentro da União Europeia. Em 2010, a Holanda continuará a presidir o grupo de peritos europeus sobre as indústrias criativas. A  Holanda  é  um  dos  cinco  países  da  União  Europeia  onde  «o  sector  cultural  e  criativo  apresenta  o   maior   contributo   para   o   PIB   nacional   entre   os   sectores   investigados.   Isto   quer   dizer   que   em   mui-­‐ 12 tos  países  europeus  o  sector  cultural  e  criativo  é  líder  no  crescimento  das  riquezas  nacionais» .  . O sector de financiamento alternativo na Holanda tem uma longa história e uma grande variedade de plataformas de crowdfunding. O crowdfunding começou em 2006 com a plataforma baseada em recompensa, a Sellaband. Em 2010, foram lançadas várias plataformas de negócios P2P. Em 2011, surgiu a primeira plataforma de capital próprio. Nos últimos anos, a indústria viu o advento de várias plataformas internacionais, tornando a indústria num lugar vibrante para a atividade de crowdfunding. O negócio de empréstimos P2P apresenta a maior parte dos volumes no mercado holandês de crowdfunding. A partir de 1 de abril de 2016, foi alterado o marco regulatório holandês aplicável à concessão de empréstimos e ao crowdfunding baseado em ações. Com os regulamentos alterados, a Holanda tenta fomentar o crescimento da indústria, a fim de melhorar o acesso do financiamento às PME (CROWDFUNDINGHUB, 2016). Segundo o relatório do CrowdfundingHub, o volume dos negócio de crowdfunding na Holanda tem vindo a duplicar em volume a cada ano, já alguns anos. Em 2015 foram levantados 128 milhões de euros, subdivididos em: −. Reward-based crowdfunding: €20,3 milhões;. −. Donation-based crowdfunding: €4,4 milhões;. −. Credit-based crowdfunding: €98,9 milhões;. −. Equity-based crowdfunding: €4,5 milhões (de acordo com o Crowdfundmarkt, equity-based crowdfunding conta para €6,9 milhões. In Crowdfinance 2015, o relatório completo). Na Holanda, existem cinco plataformas de origem nacional (CROWDFUNDINGHUB, 2016: 48):. −. VoorDeKunst: uma plataforma de doação para o sector criativo, fundada em 2010;. −. GeldVoorElkaar: a maior plataforma de empréstimo de negócios P2P, com início em 2010;. 11.  O  Livro  Verde  da  Comissão  Europeia,  Bruxelas,  27  Abril  de  2010,  consiste  na  estratégia  europeia  para  uma  energia  sustentável,   competitiva  e  segura.  Disponível  em:     <http://eur-­‐lex.europa.eu/legal-­‐content/PT/TXT/PDF/?uri=CELEX:52010DC0183&from=PT>.  Consultado  a  23  Setembro  de  2016.   12  MANSO,   José   R.   Pires.   A   Economia   da   Cultura:   Vetor   Estratégico   de   Desenvolvimento   para   Portugal.   Ubimuseum   –   Revista   Online  do  Museu  de  Lanifícios  da  Universidade  da  Beira  Interior.  Disponível  em:     <http://www.ubimuseum.ubi.pt/n02/docs/ubimuseum02/ubimuseum02.jose-­‐pires-­‐manso-­‐economia-­‐cultura.pdf>.     <http://www.dges.mctes.pt/DGES/pt/Reconhecimento/Uni%C3%A3o+Europeia/Estrat%C3%A9gia+Europa+2020/Estrategia+Lis boa.htm>.  Consultado  a  16  Setembro  de  2016.  . 21  .

(22) −. Oneplanetcrowd: plataforma que oferece empréstimos e empréstimos convertíveis para projetos sustentáveis, tendo sido lançada em 2012;. −. Collin Crowdfund e Kapitaal Op Maat: são plataformas de negócios P2P, que iniciaram suas atividades em 2013;. −. Symbid: uma plataforma baseada em ações, lançada em 2011. Plataformas de origem internacional que entraram no mercado holandês nacional (CROWDFUN-. DINGHUB, 2016: 48): −. Spotcap: com sede na Alemanha, lançou sua plataforma de empréstimo P2P em 2015;. −. Lendico: plataforma P2P alemã, iniciou em 2014;. −. Funding Circle: com base no Reino Unido, a plataforma P2P entrou no mercado holandês em 2015 ao adquirir a Zencap de origem alemã;. −. Kickstarter: plataforma com sede na América, foi oficialmente lançada na Holanda em 2014;. −. Indiegogo: plataforma com sede na América, também está presente no mercado holandês. Não existe uma regulamentação específica para a doação e a recompensa baseada em crowdfunding.. Em 2014, as plataformas de empréstimo (P2P) e de ações (equity) têm de se registar na Netherlands Authority for the Financial Markets (AFM) para obter uma licença de exploração ou uma isenção para esta licença. Mais de 60 plataformas estão agora registadas. A partir de 1 de abril de 2016, o quadro regulamentar holandês aplicável ao credit-based crowdfunding e equity-based crowdfunding será alterado. Segundo os dados dos volumes da indústria holandesa de crowdfunding disponibilizados pela CrowdfundingHub (2016: 50), pode-se concluir que o crowdfunding tem um forte potencial na Holanda. «Medidos em volume per capita, os Países Baixos estão entre os três principais países europeus.» Em comparação com outros países, o volume de negócios P2P business lending é muito alto. Estes volumes foram realizados mesmo antes de entrarem em vigor os novos regulamentos sobre o empréstimo e o equity crowdfunding. Especialmente no que diz respeito à equidade crowdfunding, ainda há muito potencial para o crescimento da indústria. Apenas €3,6 milhões foram aumentados em 2015 relativamente ao P2P business lending (o volume total da indústria é €128 milhões). Não existem entraves regulamentares que impeçam o crescimento do crédito ao consumo. O crowdfunding cívico é um novo tipo de crowdfunding nos Países Baixos. Projetos no espaço público e/ou projetos com foco especial no atendimento às comunidades locais são cada vez mais financiados pelo crowdfunding. (CROWDFUNDINGHUB, 2016: 48). As PME aumentaram €92 milhões em plataformas de empréstimo P2P. A fim de tornar esta forma de crowdfunding uma alternativa real para empréstimos bancários e fechar o fosso de financiamento para as PME, os próximos passos terão de ser tomados na combinação de instrumentos financeiros novos e tradicionais. Isto exige uma cooperação estreita entre bancos e plataformas, a vontade de construir interfaces entre os processos de trabalho de cada um e a von-. 22  .

(23) tade de encaminhar os clientes uns aos outros. Se este tipo de medidas forem tomadas, o limite de financiamento para as PME será encerrado. No final, a economia real terá um real impulso a partir desta. Segundo o Massolution Crowdfunding Industry 2015 Report13, os valores totais a nível mundial da indústria do crowdfunding estimaram o volume €31 biliões ($34 biliões) de angariação de fundos em 2015, compostos por: −. P2P Lending (o financiamento de empréstimos para pessoas ou empresas e que se na distribuição horizontal): €23 biliões ($25 biliões);. −. Reward-based crowdfunding e donation-based crowdfunding: €5 biliões ($5.5 biliões);. −. Equity-based crowdfunding (o financiamento para a abertura de nova empresas): €2.3 biliões ($2.5 biliões). Perspetivando por contimentes, podem ser considerados os seguintes montantes:. −. América do Norte: €15.8 biliões ($17.2 biliões);. −. Asia: €9.68 biliões ($10.54 biliões);. −. Europa: €5.95 biliões ($6.48 biliões);. −. Oceânia: €63 milhões ($68.6 milhões);. −. América do Sul: €78.76 milhões ($85.74 milhões);. −. África: €22.19 milhões ($24.16 milhões).. 1.3.  A  ATIVIDADE  DO  DESIGN  PROJETUAL  NO  CROWDFUNDING   A atividade do design projetual no crowdfunding compreende um processo metodológico com especificidades e com determinadas etapas a serem cumpridas para sustentar e implementar projetos, independentemente da plataforma de crowdfunding em que forem implantados. Nesta dissertação é objetivado este processo relativo a todo o tipo de projetos criativos em plataformas de índole artística, utilizando a plataforma de financiamento colaborativo mais utilizada no mundo para projetos criativos, a Kickstarter. “Os designers têm vivenciado novas experiências, realidades e desafios, frente ao cenário competitivo e à emergência de horizontes complexos, em termos de mercados, tecnologia, modos de organização do trabalho em corporações nacionais e multinacionais, redes de informações e influências, no seio do processo de globalização. Neste contexto, destaca-se a importância e a responsabilidade de sua participação no processo de desenvolvimento de produtos para a sociedade, na medida em que a sua atuação é determinante na interpretação dos requisitos simbólicos, de uso e técnicos, e no desenvolvimento da cultura material. Com base numa abordagem metodológica que se insere no paradigma interpretativo, discutem-se as implicações do processo de globalização no desenvolvimento das identidades culturais e no design de artefactos, e o papel do designer no desenvolvimento da cultura material, face à questão da diversidade cultural. Destaca-se a importância fundamental da sintonia entre o design e a cultura, no desenvolvimento de 13.  Massolution/Crowdsourcing.org  2015CF  Crowdfunding  Industry  Report.  31  Março  de  2015.     Disponível  em:  <http://crowdexpert.com/crowdfunding-­‐industry-­‐statistics/>.  Consultado  a  9  Outubro  de  2016.  . 23  .

References

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