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Early changes in adipokines from overweight to obesity in children and adolescents

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Academic year: 2021

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ARTIGO

ORIGINAL

Early

changes

in

adipokines

from

overweight

to

obesity

in

children

and

adolescents

Rafael

Machado

Mantovani

a

,

Natália

Pessoa

Rocha

b

,

Daniel

Massote

Magalhães

b

,

Izabela

Guimarães

Barbosa

b

,

Antônio

Lúcio

Teixeira

b,c

e

Ana

Cristina

Simões

e

Silva

a,b,∗

aUniversidadeFederaldeMinasGerais(UFMG),FaculdadedeMedicina,DepartamentodePediatria,BeloHorizonte,MG,Brasil bUniversidadeFederaldeMinasGerais(UFMG),FaculdadedeMedicina,LaboratórioInterdisciplinardeInvestigac¸ãoMédica,

BeloHorizonte,MG,Brasil

cUniversidadeFederaldeMinasGerais(UFMG),FaculdadedeMedicina,DepartamentodeClínicaMédica,BeloHorizonte,MG,

Brasil

Recebidoem11desetembrode2015;aceitoem22defevereirode2016

KEYWORDS Leptin; Adiponectin; Resistin; Metabolicmarkers; Solubletumor necrosisfactor receptor Abstract

Objective: Childhoodobesityhasbeenassociatedwithmetabolicsyndromeandcardiovascular diseases.Thisstudyaimedtocompareplasmalevelsoftraditionalmetabolicmarkers, adipoki-nesandsolubletumornecrosisfactorreceptortype1(sTNFR1)inoverweight,obeseandlean children.Wealsoassessedtherelationshipsofthesemoleculeswithclassicalmetabolicrisk factors.

Methods: This study included 104 children and adolescents, which were grouped as: lean (n=24),overweight (n=30),andobesesubjects(n=50).Theyweresubjected to anthropo-metrical,clinicalandlaboratorialmeasurements.Allmeasurementswerecomparedbetween groups.Correlationanalyseswerealsoperformedtoevaluatetheassociationbetweenclinical data,traditionalmetabolicmarkers,adipokinesandsTNFR1.

Results: Fastingglucose,insulin,homeostaticmodelassessmentofinsulinresistance (HOMA-IR),LDL-cholesterolandtriglycerideswerecomparableinlean,overweightandobesesubjects. PlasmalevelsofsTNFR1weresimilarinleanandoverweightsubjects,butsignificantly increa-sedinobesegroup.Leptin,adiponectinandresistinlevelsdidnotdifferwhenoverweightwere comparedtoobesesubjects.However,alladipokinesdifferedsignificantlywhenleansubjects werecomparedtooverweightandobeseindividuals.Plasmalevelsofadiponectinwere negati-velycorrelatedwithbodymassindex(BMI),whereasleptin,resistinandsTNFR1concentrations positivelycorrelatedwithBMI.

DOIserefereaoartigo:

http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2016.02.015

Comocitaresteartigo:MantovaniRM,RochaNP,MagalhãesDM,BarbosaIG,TeixeiraAL,SimõeseSilvaAC.Earlychangesinadipokines

fromoverweighttoobesityinchildrenandadolescents.JPediatr(RioJ).2016;92:624---30. ∗Autorparacorrespondência.

E-mail:acssilva@hotmail.com(A.C.SimõeseSilva).

2255-5536/©2016PublicadoporElsevierEditoraLtda.emnomedeSociedadeBrasileiradePediatria.Este ´eumartigoOpenAccesssob umalicenc¸aCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

(2)

Conclusion: Our resultsshowed significantdifferencesincirculating levelsoftheevaluated markerswhenlean,overweightandobeseindividualswerecompared,suggestingthatthese biomarkersmaychangefromleantooverweightandfromoverweighttoobesity.

©2016PublishedbyElsevierEditoraLtda.onbehalfofSociedadeBrasileiradePediatria.Thisis anopenaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense(http://creativecommons.org/licenses/ by-nc-nd/4.0/). PALAVRAS-CHAVE Leptina; Adiponectina; Resistina; Marcadores metabólicos; Receptorsolúvel defatordenecrose tumoral

Alterac¸õesprecocesnosníveisdeadipocinasdesobrepesoparaobesidade emcrianc¸aseadolescentes

Resumo

Objetivo: Aobesidadenainfânciatemsidoassociadaàsíndromemetabólicaeadoenc¸as cardio-vasculares.Oobjetivodesteestudofoicompararníveisplasmáticosdemarcadoresmetabólicos tradicionais,adipocinasedoreceptorsolúveldefatordenecrosetumoraltipo1(sTNFR1)em crianc¸ascomsobrepeso,obesasemagras.Tambémavaliamosasrelac¸õesdessasmoléculascom fatoresderiscometabólicoclássicos.

Métodos: Esteestudoincluiu104crianc¸aseadolescentes,agrupadosdaseguinteforma: indiví-duosmagros(n=24),comsobrepeso(n=30)eobesos(n=50).Elesforamsubmetidosamedic¸ões antropométricas,clínicaselaboratoriais.Todasasmedic¸õesforamcomparadasentreos gru-pos.Tambémforamfeitasanálisesdecorrelac¸ãoparaavaliaraassociac¸ãoentredadosclínicos, marcadoresmetabólicostradicionais,adipocinasesTNFR1.

Resultados: Glicemiadejejum,insulina,modelodeavaliac¸ãodahomeostasedaresistênciaà insulina(HOMA-IR),colesterolLDLetriglicerídeosforamcomparáveisemindivíduosmagros, comsobrepesoeobesos.OsníveisplasmáticosdesTNFR1foramsimilaresemindivíduosmagros ecomsobrepeso,porémsignificativamentemaioresnogrupoobeso.Osníveisdeleptina, adi-ponectina eresistinanão diferiramquandoindivíduoscomsobrepesoforamcomparadosaos obesos.Contudo,todasasadipocinasdiferiramsignificativamentequandoindivíduosmagros foramcomparadosaindivíduoscomsobrepesoeobesos.Osníveisplasmáticosdeadiponectina estavam negativamentecorrelacionadosao índice demassacorporal (IMC),aopassoque as concentrac¸õesdeleptina,resistinaesTNFR1estavampositivamentecorrelacionadasaoIMC.

Conclusão: Nossos resultados mostraram diferenc¸as significativas nos níveis circulantesdos marcadores avaliadosao comparar indivíduos magros,com sobrepesoe obesos.Issosugere queessesbiomarcadorespoderãomudardeindivíduosmagrosparaindivíduoscomsobrepeso edeindivíduoscomsobrepesoparaobesos.

©2016PublicadoporElsevierEditoraLtda.emnomedeSociedadeBrasileiradePediatria.Este ´

eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/ by-nc-nd/4.0/).

Introduc

¸ão

Aobesidadeinfantilaumentaemprevalênciaeestá forte-menteassociadaàobesidadenavidaadulta.1,2Ascrianc¸as

obesascorremriscodesíndromemetabólica,doenc¸as

car-diovasculares e maior morbidez e mortalidade na vida

adulta.3,4

Adipocinassãohormôniossecretadospelotecidoadiposo

quedesempenhamumafunc¸ãonahomeostasemetabólica.5

A obesidadetambéminduz a produc¸ão decitocinas

infla-matórias e a infiltrac¸ão de células imunitárias no tecido

adiposo,oquedeterminaumestadodeinflamac¸ãocrônica

debaixograu.Ainflamac¸ãometabólicatemsido

reconhe-cidacomoummecanismounificador,ligaaobesidadeaum

amploespectro dedoenc¸as, comoaterosclerose,diabetes

tipo2ecomplicac¸õesvascularessistêmicas.5---7

Opresenteestudoanalisouosníveisplasmáticosde

adi-pocinas (adiponectina, resistina e leptina) e do receptor

solúveldefatordenecrosetumoraltipo1(sTNFR1),a

sen-sibilidadeà insulinae o metabolismo lipídicoem crianc¸as

e adolescentes com sobrepeso e obesos em comparac¸ão

comindivíduosmagros.Tambémavaliamosasrelac¸ões

des-sas moléculas com fatores de risco metabólico clássicos.

OsníveiscirculantesdesTNFR1sãoconsiderados

marcado-resinflamatórios,refletemaatividadedofatordenecrose

tumoralalfa(TNF-␣)melhordoqueamensurac¸ãodopróprio

TNF-␣.5---9Trabalhamoscomahipótesedequeasadipocinas,

ainflamac¸ão debaixo grau, a sensibilidadeàinsulina e o

metabolismolipídicogradualmente mudamdemagropara

sobrepesoedesobrepesoparaobesidade.

Métodos

Indivíduos

Esteestudotransversalapresentouumaamostrade conve-niênciade104crianc¸aseadolescentes,entre6e18anos. Todososindivíduosqueatenderamaoscritériosdeinclusãoe aceitaramfazerpartedoestudoforamrecrutadosnoServic¸o deEndocrinologiaPediátricaenoCentroGeraldePediatria

(3)

de nossa instituic¸ão por 2 anos. Assim, foram avaliados 50indivíduosobesos,30comsobrepesoe24magros.

Critériosdeinclusão

O critério de obesidade foi o índice de massa corporal

(IMC)acimado95◦ percentilparaidadee sexodeacordo comospadrõesdoCentroNacionaldeEstatísticadaSaúde (NCHS).10 O sobrepeso foi definido como os percentis de

IMC>85◦e<95◦paraidadeesexo.Ogrupodemagrosincluiu

indivíduos compercentis deIMC>10◦ e<85◦ paraidade e

sexo.

Critériosdeexclusão

Foramexcluídosindivíduos com doenc¸as genéticas, obesi-dade secundária e comorbidades como diabetes, doenc¸as cardíacas,pulmonareseneurológicasouinfecc¸õesagudas.

Indivíduos que recebiam terapia médica também ficaram

inelegíveis.O estado de saúdefoi determinado por meio dehistóricodesaúdeerelatodospaisouautorrelatopara descartardoenc¸ascrônicasouagudas.

Protocolodoestudo

Na internac¸ão, todos os indivíduos foram submetidos a examesclínicos,incluindoavaliac¸ãodepeso,estatura,IMC, pressão arterial, circunferência abdominal(CA) e estágio puberal.Opesofoiobtidocombalanc¸asdigitaiscalibradas earredondadoparao0,1kgmaispróximo.Aalturadepéfoi consideradaamédiadetrêsmedidas,arredondadasparao milímetromaispróximo,comumestadiômetrofixo.ACAfoi obtidacomfitamétrica,logoacimadabordalateral supe-riordoíliodireitoapósumaexpirac¸ãonormal,eregistrada

no milímetro mais próximo, conforme recomendado pelo

NCHS.11 Oestágiopuberalfoideterminadodeacordocom

oscritériosdeTanner12eospacientesforamclassificadosda

seguinteforma:(i)pré-púbere:meninosnoestágiogenital

I,meninasnoestágiodemamaI;(ii)iníciodapuberdade:

meninos no estágio genital II-III, meninas no estágio de

mama II-III; (iii) fim da puberdade/pós-púbere: meninos

noestágiogenital≥IV,meninasnoestágiodemama≥IV.

As pressões arteriais sistólica e diastólica foram aferidas

em três ocasiões, no brac¸o direito, após umdescanso de

10minutosnaposic¸ãosupina, comumesfigmomanômetro

calibrado, e a média dos dois valores foi calculada. As

medic¸ões de pressão arterial tambémforam avaliadasde

acordocomasrecomendac¸õesdoQuartoRelatóriodaForc

¸a--TarefadoInstitutoNacionaldeCorac¸ão,PulmãoeSangue.13

Amostragemdesangue

Apósoconsentimentoinformado,todososindivíduosforam submetidosàcoletadesangueparamedic¸ãodeglicemiade jejum,insulina,colesteroltotal,colesteroldalipoproteína dealtadensidade(HDL),colesteroldalipoproteínadebaixa

densidade (LDL), colesterol da lipoproteína de muito

baixa densidade (VLDL),triglicerídeos, adiponectina, lep-tina,resistinaesTNFR1.Aamostragemdesangueocorreu

em uma ocasião, após 12 horas de jejum noturno e por

meiodepunc¸ão venosaperiférica. Umaamostraerapara as medic¸ões de glicemia de jejum, insulina, colesterol total, colesterol HDL, colesterol LDL e triglicerídeos, de

acordocomasrecomendac¸õespadrão. Asegundaamostra era para medic¸ões de adiponectina, leptina, resistina e sTNFR1.Noquedizrespeitoaessasmedic¸ões,asamostras

foram imediatamente imersas em gelo e processadas em

30 minutos após a coleta.As célulasforam centrifugadas a70gpor10minutosa4◦C;entãooplasmasobrenadante foicoletadoecentrifugadonovamentepormais20minutos

a 1.300g para sedimentar plaquetas. O plasma livre de

célulasfoi divididoem amostrasde 0,5ml armazenadasa -80◦Catéasmedic¸ões.

Medic¸ões

Osníveis deglicemiadejejum,colesteroletriglicerídeos

foram determinados por ensaio colorimétrico enzimático

(AdviaChemistry®;Siemens®;Los Angeles,EUA),aopasso que a insulina foi medida por quimioluminescência, valor de referência:<29␮UI/mL (Immulite® 2000, Los Angeles, EUA). A resistência à insulina foi estimada pelo modelo

de avaliac¸ão da homeostase da resistência à insulina

(HOMA-IR).14 Os níveis plasmáticos de adiponectina,

lep-tina,resistinaesTNFR1forammedidosporkitsespecíficos

de ensaio imunossorvente ligado a enzima (Elisa) (R&D

Systems®, Minneapolis, EUA)deacordocom asinstruc¸ões

dofabricante.Todasasamostrasforamanalisadasem

dupli-cataemumúnicoensaioparaevitarvariac¸ãoentreensaios.

Nossavariac¸ãoentreensaiosfoiabaixode3%.Oslimitesde

detecc¸ãoforamde5pg/mLparaadiponectina,resistinae

leptinae10pg/mLparasTNFR1.

Análiseestatística

As análises estatísticas foram feitas com a versão 19.0

do software SPSS (SPSS Inc., Chicago, EUA). O tamanho

da amostra foi estimado em pelo menos 96 indivíduos,

considerando um poder de 0,80 (1-␤), uma diferenc¸a de 20%entregrupos,umníveldesignificância(␣)de0,05eum desviopadrãonãosuperiora25%.Todasasvariáveisforam

testadas para verificar a existência de normalidade de

distribuic¸ãopelotestedeShapiro-Wilk.Aassociac¸ãoentre variáveisdicotômicasfoiavaliada pelotestequi-quadrado oupelo teste exatodeFisher. As diferenc¸as entregrupos

foram comparadas com o teste de Kruskal-Wallis e o

pós-teste de comparac¸ão múltipla de Dunn. A análise de correlac¸ão de Spearman foi feita para examinar relac¸ão entre adipocinas, níveis de sTNFR1e idade, IMC, glicose, insulina,HOMA-IR,colesterolHDL,colesterolLDLe triglice-rídeos.Oníveldesignificânciafoiestabelecidoemp<0,05.

Questõeséticas

O Comitê de Ética de nossainstituic¸ão aprovou o estudo deacordocomoprotocoloETIC0415/06.Oconsentimento informadofoiobtidodosindivíduosedeseuspais.O proto-colodepesquisanãointerferiuemqualquerreceitamédica

e o acompanhamento foi garantido mesmo nos casos de

(4)

Resultados

Característicasantropométricas,clínicas

elaboratoriaisemgruposobesos,comsobrepeso emagros

Osindivíduosforamalocadosemtrêsgrupos:magros(n=24, 54,2% do sexo feminino), sobrepeso (n=30, 80% do sexo feminino)eobesos(n=50,44%dosexofeminino).As carac-terísticasantropométricas,clínicaselaboratoriaisestãona

tabela1.Osindivíduosmagroseobesosforamcomparáveis

comrelac¸ãoaidadeedistribuic¸ãodesexo.Houveumamaior

frequênciademulheresnogruposobrepesoemcomparac¸ão

comosindivíduosobesos(p=0,02).Naanáliseunivariada,

osgruposdiferiramdeacordocomoestágiodeTanner,IMC,

CA/altura,classificac¸ãodepressãoarterialeníveisde

coles-terol HDL (p<0,05, tabela 1). O grupo obeso apresentou

IMC, razãoCA/alturae prevalênciadehipertensão

signifi-cativamente maiores do que os indivíduos magros e com

sobrepeso. Osníveis decolesterolHDL eram

significativa-mentemenores nosgruposobesose sobrepesodoque nos

indivíduos magros. Contudo, aglicemia dejejum, a

insu-lina,oHOMA-IR,ocolesterolLDLeostriglicerídeosforam

comparáveisemindivíduosmagros,comsobrepesoeobesos

(p>0,05,tabela1).

Comotambémmostra atabela1,osníveisplasmáticos

desTNFR1eramsemelhantesnosindivíduosmagrosecom

sobrepeso(p>0,05),porémaumentaramsignificativamente

emindivíduosobesos(p<0,01nogrupocomsobrepesoem

comparac¸ãocomogrupoobesoep<0,001nogrupomagro

emcomparac¸ãocomogrupoobeso).

Afigura1mostraosníveisplasmáticosdeadiponectina,

resistinaeleptina emindivíduos obesos,comsobrepeso e

magros.Asadipocinasnãoforamdiferentesnacomparac¸ão

entreindivíduoscomsobrepesoeobesos(fig.1).Osníveis

deadiponectina(pg/mL)apresentaramreduc¸ãoem

indiví-duoscomsobrepesoeobesosemcomparac¸ãocomindivíduos

magros[5.199,18emindivíduosmagros;4.537,57nogrupo

com sobrepeso; 3.467,57 no grupo obeso (p<0,001 no

grupo sobrepeso em comparac¸ão com o grupo magro e

p<0,001 no grupo obeso em comparac¸ão com o grupo

magro,fig. 1)].Osníveisplasmáticosderesistina(pg/mL)

apresentaram aumento nos grupos sobrepeso e obeso em

comparac¸ão com indivíduos magros [1.140,38 no grupo

magro; 1.788,51 no grupo sobrepeso; 2.256,39 no grupo

obeso(p<0,001 no grupo sobrepeso em comparac¸ão com

ogrupomagroe p<0,001nogrupoobesoemcomparac¸ão

Tabela1 Característicasclínicaselaboratoriais(média±DP)deindivíduosmagros,comsobrepesoeobesos

Característica Magros(n=24)A Sobrepeso(n=30)B Obesos(n=50)C valordep

Idadeemanos 10,93(±2,57) 12,28(±2,61) 10,65(±2,59) 0,23a Sexofeminino(%) 54,2 80,0 44,0 0,007b EstágiodeTanner(%) <0,001b Pré-púbere 25,0 0 6,0 Iníciodapuberdade 41,7 40,0 72,0 Fimdapuberdade/pós-púbere 33,3 60,0 22,0 IMC 17,39(±3,65) 23,76(±2,64) 28,60(±7,68) 0,001a A<B<Cc RazãoCA/altura 0,46(±0,05) 0,56(±0,03) 0,63(±0,08) <0,001a A<B<Cc

Classificac¸ãodapressãoarterial(%) 0,003b

Normotensão 100 66,7 48,9 Pré-hipertensão 0 10,0 19,1 Hipertensão 0 6,7 31,9 Glicose(mmol/L) 85,15(±8,74) 82,82(±6,12) 82,08(±7,73) 0,22a Insulina(U/mL) 13,31(±30,78) 11,85(±12,99) 15,77(±27,25) 0,14a HOMA-IR 3,18(±7,69) 2,49(±2,71) 3,50(±6,45) 0,16a ColesterolHDL(mg/mL) 55,15(±12,88) 47,38(±9,53) 45,83(±10,63) 0,03a A=Bc;B=Cc; A>Cc ColesterolLDL(mg/mL) 87,25(±13,78) 99,32(±23,24) 94,22(±30,41) 0,39a Triglicerídeos(mg/mL) 60,83(±34,83) 71,92(±31,57) 82,50(±41,37) 0,16a NíveisplasmáticosdesTNFR1 (pg/mL)(±DP) 623,75(±347,14) 624,73(±191,30) 855,14(±269,42) <0,001a A=Bc;A<Cc; B<Cc

DP, desviopadrão; HDL,lipoproteína de alta densidade; HOMA-IR, modelo de avaliac¸ãoda homeostase da resistência à insulina; IMC,índicedemassacorporal;LDL,lipoproteínadebaixadensidade;sTNFR,receptorsolúveldefatordenecrosetumoral.

a TestedeKruskal-Wallis. b Testequi-quadradodePearson. c Pós-testedeDunn.

(5)

Sobrepeso 6.000 5.000 4.000 3.000 pg/mL 2.000 1.000 0 Adiponectina

p < 0,01 (teste de Kruskal–Wallis, teste post-hoc de Dunn). ∗∗p < 0,001 (teste de Kruskal–Wallis, teste post-hoc de Dunn).

∗∗ ∗ ∗∗ ∗∗ ∗∗∗∗ Magros ∗∗p< 0,001p< 0,01 Obesos Resistina Leptina

Figura1 Níveisplasmáticosdeadiponectina,resistinae lep-tina(pg/ml)emindivíduosmagros(n=24),sobrepeso(n=30)e obesos(n=50).*p<0,01(testedeKruskal-Wallis,pós-testede Dunn).**p<0,001(testedeKruskal-Wallis,pós-testedeDunn).

comogrupomagro, fig.1)].Omesmo perfilfoidetectado

nos níveis de leptina [702,54pg/mL no grupo magro;

1.933,04pg/mL no grupo sobrepeso; 1.965,91pg/mL no

grupoobeso(p<0,001nogruposobrepesoemcomparac¸ão

com o grupo magro e p<0,001 no grupo obeso em

comparac¸ãocomogrupomagro,fig.1)].

Para avaliar a influência do gênero, também

compa-ramos os níveis plasmáticos de adipocinas em meninos e

meninasdecadagrupo(indivíduos magros,comsobrepeso

e obesos), como mostra a figura 2. No grupo magro, os

meninos apresentaram níveis mais altos de adiponectina

(5.642,81emcomparac¸ãocom4.983,64pg/mLemmeninas,

p=0,005) e concentrac¸ões maisbaixas de leptina do que

asmeninas(371,79pg/mLemmeninosemcomparac¸ãocom

1.391,26pg/mLemmeninas,p<0,001).Nenhumoutro

indi-cadorfoidiferentenacomparac¸ãoentremeninosemeninas.

Nenhuma diferenc¸a foi detectada nos níveis de leptina,

resistinae adiponectinanascomparac¸õesentremeninose

meninasnosgrupossobrepesoeobeso(fig.2).

Parainvestigarumapossívelinterferênciadoestágiode

Tanner, comparamos os níveis de adipocina nos estágios

pré-púbere, início da puberdade e fim da puberdade de

cada grupo(indivíduos magros,com sobrepeso e obesos).

Nenhumadiferenc¸afoidetectadanos níveisderesistinae

adiponectina nas comparac¸ões entre asclassificac¸ões dos

estágiosdeTanneremtodososgrupos.Osníveisdeleptina

apresentaramumleveaumentodeacordocoma

progres-sãodoestágiodeTannerapenasnogrupoobeso(dadosnão

apresentados).

Análisedacorrelac¸ão

Considerando todos os indivíduos (n=104), os níveis

plasmáticos de adiponectina estavam negativamente

cor-relacionados com o IMC (p<0,001; ␳=-0,402), a insulina; (p=0,02; ␳=-0,247), o HOMA-IR (p=0,02; ␳=-0,263) e os triglicerídeos (p=0,02; ␳=-0,261). Os níveis de

lep-tina estavam positivamente correlacionados com a idade

(p<0,001;␳=0,425),oIMC(p<0,001;␳=0,577),ainsulina (p<0,001;␳=0,500), oHOMA-IR (p<0,001;␳=0,497) e os triglicerídeos(p=0,003; ␳=0,325)e negativamentecomo colesterol HDL (p=0,03; ␳=-0,240). As concentrac¸ões de resistinaestavampositivamentecorrelacionadascomoIMC (p<0,001;␳=0,469)enegativamentecomocolesterolHDL

Sobrepeso 6.000 5.000 4.000 3.000 2.000 1.000 0 3.000 2.000 1.000 0 3.000 2.000 1.000 0 Magros ∗∗ ∗ Sexo masculino Sexo masculino

A

B

C

Sexo feminino Níveis plasmáticos de adiponectina (pg/mL ) Níveis plasmáticos de leptina (pg/mL) Níveis plasmáticos de resistina (pg/mL) ∗p < 0,005 Obesos Sobrepeso Magros Obesos Sobrepeso Magros Obesos ∗p < 0,01. ∗∗p < 0,001 teste de Mann-Whitney. ∗∗p < 0,001 Sexo masculino Sexo feminino Sexo feminino

Figura2 Ogêneroinfluenciaosníveisplasmáticosde adipo-cina(pg/ml)emindivíduosmagros (n=24),sobrepeso(n=30) e obesos (n=50). A, adiponectina; B, leptina; C, resistina. *p<0,01.**p<0,001testedeMann-Whitney.

(p=0,02;␳=-0,247).OsníveisplasmáticosdesTNFR1 esta-vam positivamente correlacionados com o IMC (p<0,001;

␳=0,338) e negativamente com osníveis de adiponectina (p=0,03;p=-0,212).

Discussão

Este estudo mostrou que os níveis circulantes de

adi-pocinas diferenciaram indivíduos magros de indivíduos

com sobrepeso/obesos. Indivíduos com sobrepeso e

obe-sosapresentaramníveissemelhantesdetodasasadipocinas avaliadas. Os níveis de adiponectina diminuíram conside-ravelmente, ao passo que osníveis deleptina e resistina

aumentaram consideravelmente nos grupos sobrepeso e

obesoem comparac¸ão comogrupomagro. Osparâmetros

metabólicos tradicionais foram semelhantes em todos os

grupos,aopassoqueosníveisdesTNFR1forammais eleva-dosnogrupoobesoemcomparac¸ãocomosgrupossobrepeso emagro.

Glicemia de jejum, insulina, HOMA-IR, colesterol LDL e triglicerídeos são fatores usados tradicionalmente para avaliarriscosmetabólicosecardiovascularesnaobesidade15

(6)

e seusvalores médios foramcomparáveis entreosgrupos

magro,sobrepesoeobesoemnossoestudo.Poroutrolado,

osníveisdesTNFR1forammaiselevadosemindivíduos

obe-sosdoquenosgruposmagroousobrepeso.Níveismais

eleva-dosdesTNFR1justificamaideiageraldeestadoinflamatório

debaixograuna obesidade.5,8,9Adicionalmente,as

adipo-cinaseramsignificativamentediferentesemindivíduoscom

sobrepesoeobesosemcomparac¸ãocomindivíduosmagros.

Issosugere queasadipocinaspoderãosermarcadores

pre-cocesdemudanc¸adeestadomagroparasobrepeso/obeso,

mesmoantesdaocorrênciadealterac¸õesmetabólicas.Da

mesmaforma,outrosestudosdemonstraramqueosníveis

séricosdeleptinaeresistinaeramsignificativamentemais

elevadosemcrianc¸asobesasdoqueemcrianc¸asmagras.16---18

Além disso, o IMC está correlacionado positivamente com

a leptina e a resistina e negativamente com os níveis

deadiponectina,conformedescritoanteriormente.17---20Em

contrapartida,outro estudorelatou níveis semelhantesde

resistinaemindivíduosobesosemagros.21Contudo,quando

as crianc¸as obesas foram estratificadas pelos valores de

resistência à insulina, as crianc¸as obesas com resistência

àinsulinaapresentarammaioresníveisderesistinadoque

as crianc¸as com peso normal ou as crianc¸as obesas sem

resistênciaàinsulina.21 Adamskaetal.corroboraram

nos-sos dadose relataram níveis elevados de sTNFR1e níveis

reduzidos de adiponectina em adultos com sobrepeso e

obesosem comparac¸ãocomindivíduos magros.9 Poroutro

lado, a relac¸ão entre o sTNFR e o IMC é controversa.

Seconsiderarmosquetambémhaviaumacorrelac¸ão

posi-tiva entre o IMC e o sTNFR1 em nossa amostra, Huang

et al. não detectaram associac¸ão.18 Nenhuma correlac¸ão

significativafoi observada anteriormente entre ossTNFRs

e o perfil lipídico,18,22 ao passo que, em nosso estudo, o

sTNFR1foinegativamentecorrelacionadocomocolesterol

HDL.

Háumainsuficiência dedadossobreopapeldas

adipo-cinasnatransic¸ãodemagroparasobrepesoedesobrepeso

paraobeso, principalmente em pacientespediátricos sem

síndromemetabólicaoucomorbidades.Emcomparac¸ãocom

ogrupodecontrole,descobrimosqueosníveiscirculantes

deadipocinasjásãoalteradosemindivíduoscomsobrepeso,

queapresentamumperfilsemelhanteaodogrupoobeso.Da

mesmaforma,Koetal.mostraramqueosníveisdeleptina

estavamassociadosaoriscocadavezmaiordascrianc¸ascom

sobrepeso.17 Aleptina éessencial paraa regulac¸ão

meta-bólica ao sinalizar a situac¸ão nutricional ao hipotálamo,

que,por suavez, produzneuropeptídios e

neurotransmis-sores paramodular a ingestão de alimentos e o gasto de

energia.5,23 Os níveis de leptina estão positivamente

cor-relacionadoscomainsulina, oHOMA-IReostriglicerídeos

e negativamente com o colesterol HDL.17 Johnson et al.

encontraramumaassociac¸ãosignificativaentreosníveisde

leptinaeoaumentodemassadegorduraemcrianc¸as.24Duas

possíveisexplicac¸õessãoquearesistênciaàsac¸õesda

lep-tinanoníveldoreceptorpodecontribuirparaosobrepeso

e asalterac¸ões homeostáticas precedem a ocorrência de

obesidade.25,26

Nesteestudo,osníveisplasmáticosdeadiponectinaestão

negativamente correlacionados com a insulina, o

HOMA--IR e os triglicerídeos, ao passo que as concentrac¸ões

deleptina estavam positivamente correlacionadascom os

mesmosparâmetrosmetabólicos.Adamskaetal.mostraram

queasensibilidadeàinsulinaestácorrelacionada

positiva-mentecomaadiponectinaenegativamentecomosníveisde

sTNFR1esTNFR2emadultosobesos.Osreceptoressolúveis

deTNFeaadiponectinatambémestãonegativamente

cor-relacionadoscomasensibilidadeàinsulinaeesses

marcado-rescausamváriosefeitossobreometabolismodaglicosee

delipídiosnaobesidade.9Osníveisplasmáticosde

adiponec-tinaestavamnegativamentecorrelacionadoscomainsulina,

oHOMA-IReostriglicerídeos21,27epositivamentecoma

sen-sibilidadeàinsulina.9Nossosresultadostambémmostraram

umacorrelac¸ão negativa entreníveis de sTNFR1 e

adipo-nectina, o que justifica a ideia geral de que o aumento

das concentrac¸ões de adiponectina poderá compensar a

inflamac¸ãodebaixograu.Defato,aadiponectinatem

efei-tosanti-inflamatóriosquecontribuemparaseupapel

prote-torcontraestressemetabóliconaobesidade.5,28Nesse

con-texto,oaumentodasconcentrac¸õesdeadiponectinapoderá

estarrelacionadocomummelhorperfilmetabólico,apesar

deumamassadegorduramaior.Contudo,amaiorpartedos

estudosincluiuadultosobesosquejámostravamalterac¸ões

significativas nos parâmetros metabólicos, ao passo que

nossa amostra apresentava apenas indivíduos pediátricos

sem comorbidades ou síndrome metabólica. Portanto, a

reduc¸ãodos níveis deadiponectina parece ocorrerdepois

dasalterac¸õesnasconcentrac¸õesdeleptina,porémpoderá

ocorrer antes das alterac¸ões metabólicas na obesidade

pediátrica.

Osníveiscirculantesderesistinatambémforam

associ-adospositivamente com amassa degordura corporal.29,30

Damesma forma,umestudo comcrianc¸as eadolescentes

mexicanosencontrouumacorrelac¸ãonegativaentreníveis

de resistina e colesterol HDL.18 Estudos também

associa-ram altos níveis de resistina a um alto risco de doenc¸as

metabólicasecardiovasculares.5Damesmaformaquea

adi-ponectina,aelevac¸ãodosníveisderesistinaprovavelmente

precede as comorbidades relacionadas com a obesidade

empacientespediátricos.

Estamoscientesdaslimitac¸õesdenossoestudo.Primeiro,

o modelo transversal impede a avaliac¸ão de interac¸ões

entrevariáveis.Segundo,nossaamostraerarelativamente

pequena,consideravaprincipalmenteindivíduoscom

sobre-peso e magros. Terceiro, o uso de uma amostra de

conveniênciatornaahomogeneidadeentreosgrupos

sele-cionadosmuitodifícildeseralcanc¸ada, poisdiferenc¸asno

sexoeestágiodeTannerpoderãoalterarosníveisde

adipo-cina.Contudo,nenhumadiferenc¸afoidetectadanosníveis

deresistinaeadiponectinanascomparac¸õesentremeninos

e meninase entre o estágio de Tanner nos grupos

sobre-pesoeobeso.Osníveisdeleptinaapresentaramapenasum

leveaumentodeacordocomoestágiodeTannernogrupo

obeso.Contudo,outrosaspectosfortalecemnossosachados,

comocritérios deinclusãoe exclusãorigorosos,protocolo

bemestabelecido paramedic¸ões enúmerorepresentativo

deindivíduosobesos.

Em conclusão, nossos achados sugeremque alterac¸ões

nosníveisplasmáticosdeadipocinas(leptina,resistinae

adi-ponectina)podemaparecerantesdealterac¸õesem

marca-dores metabólicos tradicionais de obesidade em

paci-entes pediátricos. São necessários estudos longitudinais

(7)

interagem com marcadores clínicos, metabólicos e

inflamatóriosnaobesidadepediátrica.

Financiamento

Bolsas da Fundac¸ão de Amparo à Pesquisa do Estado de

MinasGerais (Fapemig)e doConselhoNacionalde Desen-volvimentoCientíficoeTecnológico(CNPq).

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

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