RESUMO
Partindo do pressuposto de que à dinâmica territorial do período histórico atual é caracterizada pela nova divisão territorial do trabalho, pela especialização regional produtiva e por uma racionalidade que preside o movimento das mercadorias e da informação, a teoria dos circuitos espaciais de produção torna-se fundamental para o entendimento da organização, da regulação e do uso dos territórios por atividades produtivas. Assim, considerando esse pressuposto e aplicando essa teoria para analisar a área de produção do camarão no estado do Rio Grande do Norte, chega- se a compreensão da dinâmica do território potiguar. Dessa forma, objetivamos em nosso trabalho, compreender a circulação, o encadeamento das instâncias geográficas que separam a produção, distribuição, troca e consumo do camarão potiguar, no momento em que, especialmente, a partir da década de 1990, ocorre a expansão da carcinicultura no litoral Norte-Riograndense. A pesquisa mostrou que apesar da presença de um grande número de agentes na atividade, há um controle e uma concentração do circuito nas mãos de grandes empresas. Esse controle dá- se pelo número reduzido de agentes que comercializam larvas, ração, maquinas e insumos. E no tocante à concentração, isso se dá, principalmente, na etapa da produção propriamente dita desenvolvida nas fazendas de engorda. Nesse caso, podemos afirmar que, há uma predominância dos pequenos produtores em números absolutos na carcinicultura potiguar, já que boa parte possui empreendimentos de dimensões menores que 10 ha. Entretanto, quando analisados os empreendimentos de grande porte, estes, apesar de representarem uma porcentagem menor do total, concentram quase que a metade das áreas cultivadas, além de controlarem boa parte da circulação estabelecida pelo circuito espacial produtivo da carcinicultura. Assim, evidenciam-se no circuito espacial produtivo da carcinicultura no Rio Grande do Norte, diferenças qualitativas dos usos do território entre os agentes participantes desse circuito. Pois um número restrito de agentes detém maiores áreas produtivas, são dotados de um maior nível de tecnificação e possuem, em certa medida, o controle da circulação do seu produto, enquanto que, isso não se reproduz para os demais agentes, principalmente, aqueles dedicados a produção propriamente dita nas fazendas de engorda.
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